No amor, na guerra e para vender um imóvel, vale tudo – até apelar para magia…!
Após perder a empresa e ver a namorada partir, Luiza retorna para a casa dos pais, na pequena São Judas Tadeu dos Milagres, no interior de São Paulo. Com dificuldade para vender o imóvel e recomeçar a vida, ela tenta transformar a cidade em destino turístico, inventando uma história mística sobre o local baseada em misteriosos pertences da mãe, que acaba viralizando no Twitter. Agora, uma mulher insiste para que ela participe esquema e um homem alega que sua mãe praticava magia de verdade.
Essa é a premissa de “Lugares Imperdíveis para Conhecer Pessoas e Lançar Feitiços”, da escritora Isa Prospero. Publicada pela Editora Dame Blanche, a novela acontece no mesmo universo de “A feiticeira de São Judas Tadeu dos Milagres”, conto finalista do Prêmio Argos de Literatura Fantástica de 2020. Para conhecer mais sobre, batemos um papo com a escritora, que contou detalhes do processo criativo e revelou podemos esperar por novas histórias nesse universo.
Como surgiu a ideia de “Lugares Imperdíveis Para Conhecer Pessoas e Lançar Feitiços”?
ISA: Foram duas ideias que tive em momentos diversos: a primeira era sobre um personagem que inventa uma conspiração que acaba se revelando verdadeira e a segunda sobre alguém que cria uma história falsa para dar destaque a uma cidade pequena. Juntei as duas e percebi que já tinha um cenário perfeito: a cidade do meu conto anterior. A partir daí fui pensando em quem seria essa protagonista, por que ela iria querer fazer isso e de que forma eu poderia inserir elementos que já existiam no conto. O fato de se passar no mesmo universo ajudou, porque tentei manter certa unidade temática e de tom na narrativa e isso me guiou na hora de pensar a trama.
Conte um pouco sobre o seu processo de escrita. Há algo curioso sobre ele?
Geralmente começo com trechinhos de diálogos ou da narrativa (no caso dessa novela, conversas entre a protagonista e o irmão) e depois vou tentando preencher as lacunas desenvolvendo personagens, trama e temas. Costumo escrever um primeiro rascunho mais rápido e passar um bom tempo editando e revisando (infinitamente, se me deixarem), mas com histórias maiores gosto de ter uma escaleta e saber bem onde vai acabar. Esta novela mudou bastante em relação à primeira versão — depois que foi aceita na Dame Blanche e eu recebi sugestões da minha editora, acabei ampliando alguns elementos (como a presença do antagonista) e reescrevendo o original. Foi a melhor decisão, gostei muito mais do resultado final!
A novela é uma nova aventura no universo de “A feiticeira de São Judas Tadeu dos Milagres”. Há planos para mais histórias nesse universo?
Por enquanto não, mas, como mencionei, pensei por acaso numa premissa que poderia se desenvolver nesse universo, então não descarto que possa surgir outra ideia no futuro. Gostei muito de revisitar a cidade e seus habitantes, adoraria voltar em algum momento!
Algo que está entre as tantas qualidades de “A feiticeira de São Judas Tadeu dos Milagres” é a forma como consegue elaborar personagens tão verossímeis, principalmente em um cenário envolvendo magia. Como é esse processo de criação de personagens?
Obrigada, fico muito feliz que as pessoas gostam desses personagens! Acho que a premissa de “A feiticeira” me ajudou bastante nisso, porque a partir do momento em que a protagonista era uma idosa, alguns dos clichês de fantasia não funcionavam mais e eu tive que pensar em um arco de personagem mais modesto e verossímil para ela. Outra característica do conto (que mantive em “Lugares Imperdíveis”) era inserir a magia em objetos do cotidiano, então acho que a relação com a magia fica mais palpável. A reação das pessoas a ela também contribui para isso: ter personagens que não aceitam o fantástico tão rápido facilita a suspensão da descrença. Fora isso, é sempre uma questão de ter claros os desejos dos personagens, seus defeitos e qualidades, e especialmente suas relações com outras pessoas.
#Livros
Isa Prospero; Lugares Imperdíveis para Conhecer Pessoas e Lançar Feitiços
