Papo com Thiago Krening, autor de Um Lugar do Caralho: “Um quadrinho sobre nostalgia”

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“Um som legal, com gente legal e cerveja barata”. Assim como diz a letra da música “Um lugar do caralho” de Flávio Basso, o Júpiter Maçã, o quadrinho homônimo do designer e ilustrador Thiago Krening, apresenta uma história sobre amizades, descobertas e paixões.
 

Primeiro título da Editora Hipotética, Um lugar do caralho acompanha os universitários Mica, Carlo, Daniel e Lia no início dos anos 2000, em Santa Maria – principalmente na lendária Boate do DCE –  em algumas noites de sexta-feira, quando o grupo de amigos sai para se divertir e compartilhar experiências e dilemas da transição para a vida adulta.
 

Na entrevista a seguir, Thiago Krening dá detalhes sobre a criação e os bastidores do processo criativo de Um Lugar do Caralho. Ele também comenta como foi a publicação pela Editora Hipotética. 
 

Como define Um Lugar do Caralho? Como surgiu a ideia do quadrinho?
 

Um Lugar do Caralho é pra mim um quadrinho sobre nostalgia. Minha ideia desde o início era não só resgatar um pouco do que era o local onde acontece a história (a boate do DCE da UFSM) como também falar sobre nostalgia, sobre lembranças daquela época da vida – faculdade, início da vida adulta.
 

A ideia surgiu há vários anos, mas ainda de uma forma muito aberta. Eu queria fazer uma HQ que se passasse naquele lugar, mas não tinha muita ideia do que abordar. Com o tempo fui maturando o projeto e juntando ficção e memórias e então cheguei na história que queria contar.
 

A história é ambientada nas ruas de Santa Maria, RS, sua cidade de origem. O que de suas próprias experiências e sentimentos sobre o local estão no quadrinho?
 

A HQ fala muito da minha experiência naquele lugar e naquele momento. Não é à toa que decidi fazer a história se passar justamente nos anos que mais frequentei lá, na época em que fazia faculdade (inclusive eu apareço no fundo de algumas cenas). O próprio tom da história parte da minha percepção daquela boate e isso inclusive foi uma preocupação minha no início do projeto. Eu tinha um certo receio que as pessoas esperassem uma história mais pesada, naquela onda “sexo, drogas e rock’n’roll” e eu contei uma história leve sobre amizades, paixões e lembranças legais. Mas acho que, no fim das contas, essa abordagem funcionou bastante bem. Acho que a nostalgia tem justamente disso, de vermos o passado de uma forma mais romantizada do que foi de fato.
 


 

Pode nos contar um pouco como foi o processo criativo?
 

O processo acabou sendo bastante longo por diversos motivos. Primeiro, levei muito tempo juntando ideias e organizando o roteiro, que teve diversas versões até chegar no que eu considerava ideal. Depois de ter o roteiro pronto, fiz o layout de todas as páginas. Essa costuma ser a minha etapa favorita do desenvolvimento de quadrinhos e foi relativamente rápida.
 

Fazer HQs demora mesmo, e mergulhar em um projeto como esse sem nenhum feedback durante o processo é difícil. Por isso, e também pra testar a recepção das pessoas, finalizei o primeiro capítulo da história e disponibilizei gratuitamente online. Recebi retornos muito bons e isso me motivou a continuar.
 

A pandemia atrapalhou um pouco o processo de desenhar e finalizar as páginas, em muitos momentos tive dificuldade de manter o foco. O projeto atrasou um pouco do prazo que tinha imaginado inicialmente, mas acho que esse tempo a mais foi importante pro desenvolvimento da HQ.
 

A novela gráfica é o primeiro título da Editora Hipotética. Como aconteceu essa parceria?
 

Depois de algumas experiências com financiamento coletivo com projetos em parceria com outros artistas, tinha em mente que no dia que fosse fazer um projeto meu, só colocaria a campanha no ar assim que tivesse todas as páginas prontas. Não foi exatamente o que aconteceu com Um Lugar do Caralho, mas quando comecei a organizar o Catarse a HQ estava praticamente pronta.
 

Eu já conhecia o pessoal da editora da época em que era a Galeria Hipotética, em Porto Alegre. Alguns dias antes do projeto de financiamento coletivo entrar no ar, o Fabiano Denardin me ligou falando que a minha HQ tinha tudo a ver com o recorte que eles queriam pra editora que estavam montando e me perguntou se eu teria interesse em ser o título de abertura da Editora Hipotética. Além de terem interesse por ser uma HQ com muita música, eles haviam frequentado a Boate do DCE, então essa camada específica da ambientação funcionava muito pra eles também.
 

Pra mim, foi uma grande honra ter essa oportunidade e o trabalho com todo o pessoal da editora foi excelente. A HQ certamente não teria saído com a mesma qualidade se não fosse por eles.


#Quadrinhos   ; ;


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