“Aymará”, de Rita Foelker e Laudo Ferreira, apresenta Ariel, uma jornalista que encontra um misterioso espírito que a acompanha em um caminho de autoconhecimento, quando tudo parece nebuloso.
Rita Foelker é escritora e jornalista, com reconhecimento em obras com temática espírita. Aymará, que divide o protagonismo do quadrinho, é um espírito psicografado por Rita durante muito tempo. O conhecimento das frases e textos dele serviu de inspiração e base para a história.
Em uma jornada espiritual, a obra tem como pano de fundo os rituais xamânicos que utilizam a Ayahuasca, chá enteógeno que promove alteração de consciência, onde pessoas são induzidas a explorar a própria mente e confrontar questões espirituais através de experiências diretas. Esse mesmo cenário é utilizado em uma outra obra de Laudo: “Cadernos de Viagem”.
Mesmo sendo obras irmãs, as duas histórias seguem jornadas distintas. Enquanto Cadernos nos aproxima de forma corajosa à uma história intimista acompanhada por um caminho espiritual, onde a contemplação sensorial pode se fazer mais precisa que a identificação. Em Aymará, a fácil associação com o momento passado da protagonista faz com que a imersão na leitura seja ainda introspectiva, quando as possibilidades de correlação com nosso próprio cenário e vida são abundantes.
Perguntas sobre todos aqueles pequenos pedaços que nos moldam. Aqueles pequenos momentos, aqueles pensamentos, aquelas ações, responsáveis por fazer de nós o que somos. Assim como qualquer jornada reflexiva, responder a elas é complexo, mas está nelas a proposta de uma nova forma de olhar a vida.
Tocando em tantos pontos inerentes, a leitura da obra necessita de uma atenção maior, pois a mente divaga por eles, com o texto contemplativo de Rita, e pelos belos traços de Laudo Ferreira, que entregam quadros estonteantes. Não apenas uma história é apresentada, como ainda é possível ao leitor conhecer mais aspectos dos rituais e como eles auxiliam no aprendizado e na busca por nós mesmos.
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