Entrevista: Enéias Tavares reinventa a literatura clássica em “Parthenon Místico”

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Reinventando a literatura clássica e explorando diversas mídias, o escritor Enéias Tavares lança novo livro. Parthenon Místico, publicado pela DarkSide Books.
 

A obra faz parte do universo transmídia de Brasiliana Steampunk, que apresenta uma Liga Extraórdinária brasileira com os grandes heróis da literatura nacional em uma roupagem Steampunk.
 

Para saber mais sobra Parthenon Místico, o Mais QI Nerds conversou com Enéias, que além de contar detalhes da obra e de todo o universo, falou sobre seus projetos escolares que tanto educam quanto divertem usando literatura fantástica, ficção científica e os clássicos nacionais.
 

“Um prazer estar novamente aqui no Mais QI Nerds. Adoro o trabalho de vocês, e acho que fazem uma contribuição importante para a literatura fantástica nacional”. 
 


 

Confira a entrevista:
 

Tecnologia a vapor, robôs autômatos, personagens inusitados. Como surgiu Parthenon Místico?
 

Esse livro está inserido no universo transmídia de Brasiliana Steampunk. Então, a ideia para o Parthenon Místico surgiu logo depois que A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison foi publicado, ainda em 2014. O enredo desta aventura se passava em 1911, quando o Parthenon já estava na estrada há vinte anos. Uma das coisas bacanas de Lição foi justamente criar uma história que começava com um universo muito detalhado com vários eventos tendo acontecido antes daquele livro. Então, me pareceu uma ideia natural “voltar no tempo”, para fazer esse movimento retroativo visando contar a formação de duas gerações dessa Liga Extraordinária brasileira, uma criada em 1892 e outra em 1896.
 

Parthenon Místico conta essa história de forma entrecortada e fragmentada, tudo enquanto acompanhamos a formação mística de Sergio Pompeu ao chegar em Porto Alegre dos Amantes e travar contato com Parthenon e com seus inimigos, a Ordem Positivista Nacional. 
 

Parthenon Místico é contado através de noitários e gravações, recriando os estilos textuais dos autores dos quais utiliza personagens clássicos. Como foi esse processo de criação?
 

Ele foi um tanto acidentado, tanto em termos criativos quanto editoriais. Em termos criativos, Parthenon brinca com a ideia de Viagem no Tempo – mas de um modo bem diferente daquele que estamos acostumados, em narrativas como A máquina do tempo ou De volta para o futuro. Trata-se de um livro em que duas linhas temporais acabam se cruzando, o que embaralhou as datas da história e exigiu três reescritas, além de múltiplas checagens, para garantir que tudo estava no lugar. Esse trabalho demandou no total três anos de escrita e reescrita. Quanto ao processo editorial, bem… aí o drama é ainda mais longo.
 

Parthenon foi pensado para sair originalmente pela editora LeYa, ainda em 2016. Mas os ventos tempestuosos do mercado editorial brasileiro fizeram com a editora voltasse atrás e por fim dispensasse a série. Aí começou a grande batalha para levar Brasiliana Steampunk a outra editora, o que depois de quase cinco anos me fez chegar a DarkSide Books, uma das minhas editorias favoritas. Para mim, é um sonho ter Parthenon nela, pois além da edição linda, eles compraram a ideia de termos o Almanaque do Parthenon em todos os exemplares, uma feliz surpresa do volume, além da extensão transmídiaque inclui cartas censuradas, audiodramas de aventura, capítulos perdidos, quadrinhos históricos, mapas de exploração e fichas de personagens, numa experiência narrativa única e divertida.


 


O livro continua a trama de O Ateneu e conta a origem do grupo apresentado em A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison (2014), contudo funciona mesmo sem a leitura da obra anterior. O que os já leitores desse universo reconhecerão em Parthenon Místico e o que os novos leitores podem esperar?
 

Para leitores antigos, vemos agora mais da intimidade e da formação de Bento Alves, Sergio Pompeu e Vitória Acauã, além de Solfieri de Azevedo, personagens já adultos em Lição e que em Parthenon Místico estão em seu processo inicial de descobrimento e crescimento. Também ficamos sabendo mais de heróis como Antoine Louison e Beatriz de Almeida & Souza, além de detalhes nunca vistos sobre a sua ilha sede e também sobre suas ações sociais, que incluem o Almanaque produzido, confeccionado e distribuído criminosamente pela madrugada de Porto Alegre dos Amantes. Quanto aos leitores novos, que estão chegando também por causa de sua fidelidade à DarkSide Books, o livro foi pensado como uma história de abertura, afinal estamos numa nova casa editorial e o livro é o marco zero do universo, com a história sendo ambientada em 1896.
 

Agora, o que tantos leitores que conhecem a série quanto aqueles que estão chegando pela primeira vez encontrarão é uma história de aventura e paixão, ousadia e suspense, perigos e surpresas, numa trama não apenas sobre o bem contra o mal mas também sobre a importância de você defender seus ideais e proteger seus amigos. É um romance sobre uma família disfuncional de aventureiros que estão dispostos a tudo uns pelos outros. Num momento tão complicado do país, em que o ódio parece superar o amor e o conflito sombreia a esperança, Parthenon é um romance sobre os ímpetos que nos motivam a continuar batalhando, mesmo num período tão sombrio, em meio a arroubos totalitários e a uma pandemia que já ceifou meio milhão de brasileiros. Nunca nós, brasileiros, precisamos tanto de heróis.
 

 

Novamente suas histórias ganham aspecto transmídia, com o uso de mapas, ilustrações, histórias em quadrinhos, áudio dramas e até um tarô, disponíveis através da tela do celular, assim como já havia acontecido no universo Brasiliana Steampunk, que ganhou até mesmo série lançada na Amazon Prime, A Todo Vapor! Como é para você ver seus trabalhos alcançarem tantas mídias?
 

Logo depois da publicação de Lição de Anatomia, essa ideia de uma série de ações transmídia foi um tanto natural no próprio desenvolvimento do projeto. Ela nasceu com ilustrações que foram feitas para o livro e não entraram e então foram parar no site de Brasiliana. Quando percebi que poderíamos passear por outras mídias, por outras experimentações narrativas, me joguei nesse conceito, pensando em quadrinhos, audiodramas e jogos, culminando na série live action A Todo Vapor!, esta produzida em parceria com a Cine Kings, a produtora de Felipe Reis.
 

Embora me sinta mais à vontade, Francylene, na seara literária, pensar outras formas narrativas em jogos (que dependem de game designers e artistas), em quadrinhos (uma mídia na qual o roteiro é escrito não para o leitor e sim para o desenhista), e também no audiovisual (com todos os problemas de uma grande equipe e das limitações de orçamento), tem me feito crescer como autor. Vejo Brasiliana Steampunk – e os leitores do Mais QI Nerds podem ver isso no Infográfico como um maravilhoso laboratório transmídiatico no qual estamos, numa equipe com mais de cem pessoas e num total de oito empresas diferentes, buscando proporcionar aos nossos leitores e aventureiros uma experiência singular de consumo e entretenimento, além das ações escolares que objetivam colocar nossa série nas escolas de ensino fundamental e de ensino médio.
 


 

Poderias detalhar essas ações escolares? E o que você pretende com elas?
 

Lançamos em 2021 a nossa Master Box Brasiliana Steampunk (masterboxbrasiliana.com.br). Nela, você têm acesso a dois livros (Parthenon Místico, da DarkSide Books, e Juca Pirama, da Jambô Editora), um pack de quadrinhos de A Todo Vapor! (CosmoNerd), um suplemento de RPG (New Order Editora), um pôster da nossa série e uma EcoBag, além de um Suplemento Escolar (UFSM) que detalha as referências da série. Embora a Master Box possa ser adquirida pro qualquer leitor ou interessado, ela foi pensada desde o início para o público escolar.
 

Recentemente, unimos o apoio de algumas empresas aqui do sul e de um edital da Prefeitura de Santa Maria via Lei Emergencial Audir Blanc e produzidos 100 caixas que serão distribuída em todas as escolas municipais e estaduais da região central do estado do Rio Grande do Sul no segundo semestre de 2021, num esforço piloto que desejamos levar a outras cidades e estados. Já pensou, você aprender literatura, história e geografia com os heróis do Parthenon Místico numa ação que é transmídia e divertida, além de valorizar a cultura nacional? É isso que desejamos com Brasiliana Steampunk e A Todo Vapor! e é isso que desejo tanto como escritor quanto como professor . 
 


 


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