Entrevista: Isabor Quintiere e Gabriela Güllich apresentam o quadrinho “Jogo de Sombras”

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“Jogo de Sombras”, HQ de terror ambientada nos anos 90, na Paraíba, conta a história de uma noite de apagão no brejo, onde a menina Cícera sugere ao irmão mais novo e à avó usar uma vela para um jogo de sombras, buscando distração do escuro. Mas, entre vultos e contornos na parede, eles descobrirão  que nem toda sombra é projeção.  
 

Com roteiro da escritora paraibana Isabor Quintiere (“A cor humana”)  e arte da jornalista-quadrinista mato-grossense Gabriela Güllich (“São Francisco”), a HQ inteiramente em preto e branco brinca com luzes e sombras. Para conhecer mais sobre o processo criativo do quadrinho, entrevistamos as autoras, que nos revelou ainda quais serão seus próximos projetos. 
 

Como surgiu Jogo de Sombras?
 

Foto: João Velozo

 

Gabriela : Jogo de Sombras surgiu no final de 2019. Entre novembro/dezembro desse ano, eu tava terminando de enviar as recompensas de São Francisco e Isabor foi lá pra casa me ajudar a embalar (quem já fez Catarse sabe como é a correria). Passamos a tarde conversando e trabalhando, até que surgiu a ideia de fazermos algo juntas. Eu queria algo que fosse mais curto e queria experimentar uma coisa fora do Jornalismo, porque tinha acabado de lançar um livro-reportagem de mais de 100 páginas… Juntei a vontade de experimentar coisas novas com a escrita de terror de Isabor, que até então nunca tinha roteirizado HQ. Ali na hora já começamos a soltar ideias de temas, enredo e tudo mais. Foi bem fluido, e em 2020 já tínhamos tudo pronto. A ideia era lançar no FIQ, mas com a pandemia acabamos adiando o lançamento para 2021 e apenas virtualmente.
 

Entre as influências que sempre mencionam estão os apagões, bem mais frequentes antigamente, e as lendas de mal-assombros interioranas. Como suas lembranças ajudaram na construção da história?
 

Foto: Roan Nascimento

 

Isabor: Jogo de Sombras talvez seja o meu trabalho que mais bebeu de minhas próprias experiências. Não só pelos apagões em si, mas pela vivência do apagão: a distribuição das velas, uma “fixa” e outra “móvel”, por exemplo, era algo que minha avó fazia. Também convivi com o medo dos recantos escuros e do silêncio total do lado de fora nesses momentos. Tudo isso cria uma atmosfera opressiva que achei que combinava bem com uma história em quadrinhos de terror.
 

Isabor, esse é o seu primeiro trabalho de roteirista de quadrinhos.Como foi a experiência?
 

I: Foi algo novo, pela necessidade de repensar minha escrita de maneira muito mais visual do que eu estava acostumada. Em alguns momentos se mostrou um desafio, mas no fim das contas acredito que deu certo e peguei gosto, quero roteirizar mais coisas! 
 


 

Gabriela, o seu trabalho com jornalismo em quadrinhos ganhou reconhecimento com o lançamento de “São Francisco”. Conseguindo o prêmio HQMix no ano passado. Agora com Jogo de Sombras você tem uma publicação de ficção. Quais diferenças pode apontar entre a construção dos dois tipos de narrativa?
 

G: Bom, primeiramente o processo de checagem de fatos é bem mais leve com a ficção. Trabalhando com JHQ, preciso ser extremamente cuidadosa tanto com a narração, quanto com as falas das personagens porque são pessoas reais contando histórias reais. Com Jogo de Sombras, deu pra brincar mais com movimentos, deixar um traço mais despojado e explorar formas. Tivemos o cuidado do roteiro de fazer uma planta da casa pra localizar a história, checar continuidade e tudo, mas foi algo mais leve e que permitia muita criação.
 

Conte sobre o processo criativo do quadrinho. Vocês levaram quanto tempo entre o início do projeto e o lançamento?
 

G: Bom, como comentei, a ideia foi no final de 2019. Em janeiro de 2020, como eu estava planejando ir pro FIQ, adiantei a história com Isabor e corremos pra execução, terminando a HQ em fevereiro/abril. Com a pandemia, adiamos o lançamento. Aí em janeiro de 2021 decidimos dar outra revisada no material, aumentamos a quantidade de páginas também e lançamos esse ano.
 

Vocês já têm algum próximo projeto em vista? 
 

I: Sim, ficamos felizes com a recepção de Jogo de Sombras e queremos criar mais coisas em parceria! Já estamos conversando e temos algumas ideias que queremos explorar, mas isso ainda está distante porque temos alguns projetos individuais para adiantar antes.
 

G: Tanto eu quanto Isabor ainda temos algumas outras coisas para tocar antes de fazer um novo projeto, mas isso está em nossos planos sim. De novidades quadrinísticas, o que posso dizer por enquanto é que esse ano ainda devo lançar Arruda, com roteiro da Tali Grass.
 


#Quadrinhos   ; ; ;


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