Abraqueerdabra: Maria Eloise Albuquerque conta detalhes sobre “Armadilha para Lobos”

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Abrindo a coleção Abraqueerdabra, a escritora Maria Eloise Albuquerque reinterpreta a história da Chapeuzinho Vermelho em  “Armadilha para Lobos“.
 

Na história, as estudantes Amanda Valente e Luna Bocaiúva vivem em Nova Eldorado, cidade que um dia teve o céu coberto pelo brilho da aurora boreal. Completamente diferentes, ninguém imaginaria serem vistas juntas até que uma  tragédia ocorre na família de Luna, e ela precisa recorrer a inteligência de Amanda se quiser trazer justiça para os Bocaiúva. Em meio a isso, sentimentos inesperados se afloram entre elas. 
 

A coleção Abraqueerdabra, criada pela Associação Borea, apresentará uma série de releituras LGBTQ+ de fantasias clássicas. Ainda em 2020, além de  “Armadilha para Lobos”, quatro livros inéditos serão lançados. 
 

Conversamos com Maria para conhecer mais sobre  “Armadilha para Lobos”. Confira a entrevista: 
 

Você abre a coleção Abraqueerdabra. Como surgiu a ideia do livro?
 

Entrei para a Boreal no início de 2019, mas desde novembro de 2018 eu vinha imaginando um reconto de Chapeuzinho Vermelho, pois tinha feito uma aquarela com o tema numa perspectiva sáfica e já pensava em fazer uma comic ou conto que aproveitasse a ideia. Na mesma época, lembro de ver, em grupos de escritores e leitores, como as pessoas sentiam falta de clichês com personagens LGBT. Então, quando surgiu a proposta da Abraqueerdabra, eu sabia que queria desenvolver algo com o clichê nerd x badgirl.
 

O ambiente escolar/universitário me acompanhou por muitos anos enquanto produzia meu primeiro livro (Reação em cadeia, publicado no Wattpad), mas nunca me afastei muito da realidade. Foi um desafio sair dessa zona de conforto incluindo elementos fantásticos em Armadilha para lobos, mas também achei divertido e inspirador. Quero escrever mais histórias assim.
 

Como foi reinterpretar a Chapeuzinho Vermelho sob uma nova perspectiva LGBT+?
 

Gosto muito de adaptações desse conto, então diria que foi bastante confortável. E no universo criado, a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero não é algo comum na sociedade, então me senti muito livre para tratar de questões que não focassem no fato de serem duas garotas. Acho que é algo com que nós da comunidade sonhamos, não ter que nos preocupar com a reação de alguém quando estamos namorando, ou se nunca namorarmos. Não enfrentar julgamentos ao nos vestir de determinado jeito e não ter medo de dizer quais são nossos nomes e pronomes.
 

O que o leitor pode esperar da história?
 

Por mais que haja o contexto do Ensino Médio e um clima de romance adolescente, eu diria que Armadilha vai mais para o New Adult. Então, sem dar muito spoiler, podem esperar palavrões, risadas, tensão, tiro e porrada (talvez literalmente) e… lobos-guará?
 

Quais foram suas principais inspirações para construção da narrativa?
 

Além do conto original, eu quis também reinterpretar o próprio clichê que escolhi desenvolver. Gostei muito dos filmes Dez coisas que eu odeio em você e Para todos os garotos que já amei; são leves, mas te deixam com o coração na mão em alguns momentos. Também li uma história em que um garoto procura o nerd para melhorar suas notas. Quais os pontos em comum? Desconfiança ou desavença inicial; depois um acordo de paz; os beijinhos que a gente gosta (geralmente envolvendo uma festa); um rompimento e uma reconquista.
 

Resumi várias histórias agora, mas cada uma tem algo que a faz ser marcante, e com Armadilha para lobos não foi diferente. Além se ser uma fantasia urbana sáfica, minha aposta foi na personalidade e na motivação das personagens, para que elas fossem coerentes por toda a narrativa.
 

Para Amanda, a nerd orgulhosa, me baseei em Deu a louca na Chapeuzinho e em A garota da capa vermelha, filmes em que a personagem não é ingênua como no conto, mas sim uma garota desconfiada. Adoro quando personagens cabeça-dura são testados. Já para Luna, uma personagem que foi marginalizada por “não estar no seu lugar”, eu me inspirei bastante em notícias e relatos de pessoas indígenas que sigo, principalmente no que se refere às violências sofridas na cidade e nos próprios territórios.
 

Conte um pouco sobre o seu processo de escrita.
 

Antes eu só sabia a premissa e o que queria contar, mas os personagens decidiam o caminho, o que acho pouco confiável quando se tem um prazo. Durante a escrita de Armadilha, apliquei um método novo que aprendi num curso intensivo de cinco dias. Se trata de um resumo em três atos dos acontecimentos principais da história.
 

Sempre começo escrevendo o início da história, seja um capítulo, um parágrafo ou uma frase, e também faço um documento com a descrição física e psicológica dos personagens conforme vão aparecendo e tendo importância para a narrativa. Além disso, defini a protagonista que faria a narrativa caminhar, ou seja, de quem é o conflito que move a história, e determinei seu objetivo e principal obstáculo. Depois, fiz um resumo de toda a premissa em um parágrafo, o que foi basicamente um esboço de sinopse com duas frases. Tendo isso claro, parti para o resumo dos três atos, que é onde construí a história em si.
 

Depois disso, a escrita fluiu muito melhor que antes, porque agora eu sabia a direção que deveria seguir. Claro, houve alterações e muita coisa foi descartada e reescrita, mas o grosso estava feito.
 

Como antes só fiz histórias curtas que mal passavam por edição, não me preocupava em definir conflitos e obstáculos. Agora estou trabalhando em um novo conto e apliquei esse método. Posso dizer que estou muito mais satisfeita com meu processo de criação e com a profundidade dos meus personagens. 
 


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