Pablo Praxedes apresenta o universo fantástico de “Poção do Amor”

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O que os anos 2000, jovens de uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Norte, lendas urbanas e fantasia têm em comum? Todos esses elementos estão presentes em Poção do Amor, conto de estreia de Pablo Praxedes.
 

Na história, Gustavo só se preocupa com três coisas: terminar o Ensino Médio, ajudar os pais no mercadinho da familia e João, o menino por quem está terrivelmente apaixonado. É essa paixão que o leva a invadir um carnaubal, em plena lua cheia, procurando por uma Poção do Amor preparada pela bruxa que assombra a região. 
 

Para conhecer mais sobre esse universo fantástico conversamos com o autor, que além de responder sobre processo criativo e inspirações, ainda revelou que a segunda história de “As Bruxas do Meu Quintal”  já tem nome e enredo definido. 
 

Poção do Amor é seu primeiro conto. Como surgiu a ideia da história?

 

Isso, meu primeiro conto publicado. Olha, é meio que inusitado responder essa pergunta. Não me lembro exatamente do momento que surgiu a ideia para “Poção do Amor”, mas lembro que estava com o computador na mesa da cozinha, durante uma noite de novembro em 2019, e era o primeiro final de semana do NaNoWriMo (o desafio anual para que escritores tentem escrever um romance de 50 mil palavras) e eu não tinha nada planejado, mas queria tentar o desafio e comecei a escrever. Lembro de olhar pela janela da cozinha e ver a lua cheia e imaginar todo o começo do conto.

 

Já tinha uma ideia bem prematura sobre bruxas no meu bairro, mas nada definido. Eu literalmente vomitei as palavras, foi muito natural como as ideias foram se encaixando na minha cabeça meio que de forma inconsciente, e quando vi tinha uns 4 capítulos do que viria ser o universo de “Poção do Amor”. No mesmo instante eu parei, li em voz alta o primeiro capítulo pro meu namorado que estava comigo e ele adorou. Eu não sabia como continuar, não sabia pra onde a história iria, mas sentia que era interessante, então resolvi deixar esfriar e trabalhar nela em outro momento. 
 

“Poção do Amor” como todos conhecem hoje, nasceu já em 2020. Depois de ler muitos contos LGBT+ na Amazon, decidi que era hora de arriscar escrever algo meu no mesmo estilo. Depois de sentar, reler o rascunho inicial e ter definido que queria escrever um romance gay, meio comédia romântica, meio fantasia e com final feliz (algo que não vemos tanto na grande mídia  quando se trata de narrativas LGBT+), tracei o rumo que a história tomaria e o conto se desenvolveu.
 

Como foi juntar lendas urbanas, os anos 2000, um jovem LGBT e o interior do nordeste? 
 

O que eu mais gosto dessa história é que ela conversa muito com minha própria história de vida. O bairro, a casa, alguns traços de personalidade dos meninos e até mesmo o carnaubal que fazem parte de “Poção do Amor”, fizeram parte da minha vida enquanto eu crescia. A cidade em que tudo se passa é a cidade na qual nasci e moro até hoje, o bairro é um dos que passei boa parte da minha infância/adolescência, e as questões referentes as lendas urbanas vieram das minhas vivências enquanto criança, ouvindo mitos e lendas da minha cidade. O carnaubal citado em “Poção do Amor” realmente existe, não como antes (graças ao avanço do bairro), mas algumas carnaúbas teimosas ainda estão lá impedindo que o bairro cresça ainda mais. (ainda bem!) 
 

Então, foi muito natural como as coisas foram se encaixando, foi como contar minha história, ressignificar algumas coisas e dar um novo sentido para outras, misturando essas referências com a fantasia, algo que sempre consumi e gostei muito. Acredito que o que foi mais difícil, por incrível que pareça, foi introduzir um romance LGBT+. No rascunho original, João era Joana, e como não tinha nada planejado, nasceu como reflexo do que a gente mais consome na grande mídia (casais héteros cis e brancos, em sua maioria). Então, em um dia qualquer no Twitter eu vi um tweet de uma amiga questionando em que “mundo teríamos se todo LGBT só escrever história LGBT” e aquele questionamento me deu um estalo, e percebi que eu tinha toda a obrigação e o direito de escrever um romance LGBT+. 
 

Capa de Renata Nolasco

 

Quais foram suas inspirações para criação do conto?
 

Não existe uma única inspiração para “Poção do Amor”, eu acredito que ele é resultado de uma grande mistura de referências, desde os vários romances LGBT+ que venho lendo desde 2018, até mesmo os livros de fantasia que leio desde criança. Eu sempre gostei muito de magia, bruxas, feiticeiras, e sempre li muitas obras com essa temática. 
 

Existem algumas obras que me inspiraram durante o processo de escrita, que foram o conto “A feiticeira de São Judas Tadeu dos Milagres” da Isa Prospero e o livro, “Porém Bruxa” da Carol Chiovatto, que me ensinaram a trazer a magia pro cotidiano.  Já o filme “Your Name” me inspirou em alguns aspectos do romance do casal. Até mesmo a amortentia de Harry Potter me serviu de referência. 
 

A ideia do universo de “As Bruxas do Meu Quintal” surgiu após assistir a série de Sabrina na Netflix e me questionar “E se existissem bruxas no meu bairro?”. Meu objetivo com “Poção do Amor” foi justamente trazer todos esses elementos para minha realidade, para meu bairro, para minha cidade. Foi como pescar referências de tudo que eu gostava e dar uma roupagem nova com base nas minhas próprias vivências. Acredito que foi assim que esse conto nasceu, a partir da percepção de trazer essa fantasia para o “quintal de casa”.
 

O conto é descrito como um “primeiro vislumbre de um universo fantástico enraizado no sertão do Nordeste”. Podemos esperar por mais histórias desse universo?
 

Claro! Desde o primeiro rascunho a história surgiu como vários contos, cada capítulo abordava uma história diferente. “Poção do Amor” veio do primeiro capítulo e inclusive a segunda história já tem nome e enredo definido, não posso revelar muito porque ainda está muito prematuro, mas vai seguir a mesma base: romance LGBT+ e lendas urbanas, se mesclando ainda mais com a história da minha própria cidade. 
 

Ao decorrer da produção de “Poção do Amor” e da percepção de como era gratificante contar minhas próprias vivências, me dei conta que minha cidade tem uma história, culturalmente falando, muito rica, cheia de marcos e mitos populares enraizados. Então, decidi que agregar algumas coisas reais da minha cidade e marcos importantes ao meu universo fantástico seria uma boa forma de homenagear minha própria história. Então, esperem por mais histórias nordestinas, fantásticas e sexualmente diversas! 
 


 

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