“Lamentos das Luzes Noturnas”: Suicídio, luto e saúde mental nos poemas de Yago Gunchorowski

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Yago Gunchorowski, em Lamentos das Luzes Noturnas, apresenta sessenta poemas sobre suicídio, luto, saúde mental, além da dor e saudades dos vivos. 

 

Temas tão importantes e delicados são explorados com responsabilidade, trazendo a essência de alguém cuja vivência serviu de inspiração. 

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Para conhecer mais sobre a obra, conversamos com Yago que detalhou o processo de criação do livro e falou sobre a importância de falar sobre tais temas. 

 

Como surgiu Lamentos das Luzes Noturnas?

 

Bom, não é uma história muito bonita. Como falo no começo do livro os poemas foram escritos durante meu processo de luto, quando meu irmão de criação cometeu suicídio. Na época, eu decidi usar a poesia para libertar um pouco os sentimentos envolvidos nisso. Escrevia quase todos os dias alguns versos, colocava direto no Wattpad indiferente a alguém estar lendo ou não. Depois de várias semanas, o luto que eu tanto precisava expressar se esvaiu, deu espaço para outra fase mais “tímida”, então eu simplesmente encerrei os poemas e dei como finalizado. Os poemas não tinham a pretensão de fazer os questionamentos comuns do “por quê?” como a maioria ao meu redor estava fazendo, eu sabia muito bem esse “por quê?”, eu queria expressar meus conflitos sobre como aceitar isso. Por isso os poemas são muito mais sobre enfrentar o sofrimento com uma visão empática sobre quem cometeu o ato — não é a solução, nunca é, mas eu consigo entender quem enxergou assim, infelizmente. Então, naquele ano, eu inscrevi os poemas ao The Wattys Awards, na época aceitavam poesias, então ele chegou a se classificar para a shortlist, ou seja, tornou-se um dos finalistas. Eu achei surpreendente, eram poemas sinceros sobre um irmão enlutado, mas tinha gente gostando. 

 

Esse ano decidi começar oficialmente a carreira indie na Amazon então precisava selecionar trabalhos que me traduzissem como autor. Primeiro um conto mais reflexivo (O Telefonema de Deus) que também fala sobre suicídio, mas se colocando no papel da pessoa pensando em fazer. Então trazer algo poético era inevitável, pois muita gente que me conhecia do Wattpad sabia desse meu lado também. Procurei nos meus arquivos e entre centenas de poemas escritos (muitos nunca publicados), decidi editar esses. Eu estava me sentindo mais forte depois de dois anos do fato, então quis ressignificar isso. Foi com esse pensamento que eu transformei os versos em um livro. Daí a partir dessa decisão foi muito trabalho. Primeiro revisitar cada poema, editar, reescrever…, depois cortar alguns, escrever novos, reestruturar a ordem…, então eu precisava de uma capa e graças a Deus a Fernanda Marques existe, pois eu não posso imaginar alguém melhor para expressar a essência do livro como ela fez. 

 

 

O livro de poemas fala sobre suicídio, luto e saúde mental. Como foi escrever sobre assuntos tão delicados? Qual considera a importância de retratá-los em seus poemas?

 

Talvez seja um pouco da minha experiência acadêmica na área da saúde mental, talvez seja pelos anos no escuro. Eu não sei. O fato é que é natural para mim. Claro, é difícil estruturar de modo que não reflita uma mensagem ambígua sobre os temas — eu me odiaria se acabasse criando alguma coisa romantizando ou glorificando tais coisas sem querer. Mas eu acho importante abordá-los, pois muita gente não se encontra em coisas “alegres”. Eu mesmo nunca me identifiquei muito com essas coisas mais coloridas. Em uma das avaliações deixadas no livro, uma pessoa disse que os poemas lhe deram mais força para enfrentar seus próprios demônios. É sobre isso, entende?  

 

Quais foram suas inspirações para escrever o livro?

 

Eu tomei um pedaço do título emprestado de uma música chamada “Follow The Night Light” da banda japonesa deadman; na mesma onda eu também me inspirei muito no vocalista e poeta Kyo (dir en grey/sukekiyo) e no vocalista e poeta Genki Takebuchi, além de poetas ocidentais como o Augusto dos Anjos e o Charles Baudelaire na hora de escrever. Mas, no fim, a maior inspiração foram meus próprios sentimentos caóticos. É deles que extraí a essência de cada poema contido no livro. 

 


 

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