Florzinha é a webcomic de Marília Mafé, que a define como “a história d’Essa Menina, uma pequena agricultora que vai lidar com um mundo cheio de gente cuzona para conseguir vender seu produto da maneira que deseja”.
O quadrinho de comédia tem duas novas páginas liberadas semanalmente – terças e quintas – no Twitter de Marília.
Em entrevista ao Mais QI Nerds, Marília revelou suas maiores referências e os planos de transportar futuramente Florzinha para uma edição física.
Confira a entrevista:
– Como surgiu Florzinha? Como definiria a webcomic?
Com a quarentena algumas mudanças grandes foram acontecendo na minha vida. Uma das mudanças importantes é que eu me tornei vegana. E com isso eu comecei a pesquisar bastante sobre alimentação, agricultura familiar, dentre várias outras questões que se referem à alimentação. Isso é importante por que eu queria contar a história de uma pequena agricultora e de como as relações de compra e venda acontecem em vários níveis.
Outra coisa importante que aconteceu pra mim foi um nível de estresse elevado desde o início da quarentena. Acho que todos nós ficamos muito tensos com a quantidade de coisa ruim que tem acontecido e, no meu caso, as notícias vinham junto com um sentimento de impotência, que estava me dominando. Então com isso me levou a uma segunda decisão, que é a de que eu queria lidar com o gênero de comédia nas minhas histórias. Eu não estava digerindo bem os acontecimentos do dia-a-dia e posso dizer que fazer as páginas de Florzinha tem sido uma grande terapia. Estou lidando com temas que considero importantes (muitos ainda estão por vir na história) por uma ótica de humor, que deixa meu envolvimento leve faz com que eu me divirta no processo.
Por fim, eu acho que o isolamento foi o que me fez decidir que iria fazer a história em formato de webcomic, por que eu queria interagir mais com as pessoas, utilizar o quadrinho pra falar com elas, e tem funcionado bem! Eu sou de Recife, então faço muita questão de utilizar uma linguagem em que eu me veja. Isso ajuda a gerar identificação com quem é de lá também, mas a história continua sendo geral, menos localizada.
– Tem previsão de quantas páginas contará ao todo? O que podemos esperar da história?
Eu não faço ideia de quantas páginas vou fechar no total. Fazendo uma conta por alto, em relação a quantos por cento da história eu já avancei, eu acho que vou fechar em umas 100 páginas. Isso porque eu tenho o arco escrito, mas prefiro fechar melhor as idéias das páginas bem perto do dia da postagem. Isso me dá mais liberdade de inserir ou dar foco no elemento que eu acho importante no momento, desde que isso colabore para esse arco maior.
Com certeza a história terá ainda muita comédia, mas acho que também está num ponto de começar a ficar mais densa, com eventos cada vez mais conectados e com uma carga emocional um pouco maior. Os eventos vão começar a escalonar cada vez mais e vamos acompanhar uma jornada que agora começa a ficar mais intensa.
– Quais são suas maiores influências para a produção do quadrinho?
A minha maior influência é musical. Eu amo o álbum Plantasia, do Mort Garson e todas as vezes que estou precisando entrar no clima do projeto, eu coloco plantasia pra tocar. Também adoro as tirinhas de Silva João. Acho o cara incrível e o tipo de humor dele é algo que super me inspira! Esteticamente eu também tenho influência dos trabalhos de Michael DeForge e de desenhos de crianças. Eu tenho uma pasta de referência no meu pinterest só desses desenhos. Foi desses desenhos de criança que surgiu a estética dos bracinhos d’Essa Menina, por exemplo, que são bem assimétricos. Por fim, eu também gosto muito das narrativas de Eiichiro Oda. Amo One Piece e como ele consegue sair da comédia para o drama de forma intensa.
– Conte um pouco sobre o seu processo de criação.
Meu processo é meio caótico, pra falar a verdade, por conta disso que citei acima: Eu tenho o arco maior preparado, mas fecho as páginas mais em cima do dia da postagem mesmo. Como são duas páginas por semana, eu tento fazer uma página que ande com a história, mas que também consiga funcionar um pouco sozinha. Evito páginas em que não acontece nada demais. Eu pretendo fazer o projeto impresso e acho que quando for imprimir, vou melhorar algumas conexões entre as páginas, mas por hora penso muito na página como unidade narrativa.
Como o projeto é de comédia, eu busco deixar pelo menos uma piada por página. Então meu processo é basicamente refletir sobre o que avança a minha história, mantendo uma unidade narrativa e que consiga ser engraçado. A partir daí eu vou riscando, reescrevendo e modelando a página. Depois da página feita é comum eu ainda mudar alguma fala ou expressão de personagem para algo que acho que pode ficar mais divertido.
– Tem algum outro projeto em mente ou em andamento?
Tem algumas coletâneas que vou participar que acho que ainda não posso anunciar, mas em breve tão aí e eu tô super animada com elas! E, fora isso, eu to, bem lentamente, trabalhando num gibi mais curtinho mesmo de ficção científica (e comédia). Eu não to conseguindo ser tão produtiva nos meus projeto pessoais, mas planejo abrir uma lojinha online em outubro e quero ter o gibi pronto daqui para lá, para estrear a lojinha com ele
#Quadrinhos
Florzinha; Marília Mafé
