Entrevista: Cláudia Lemes conta detalhes do thriller “A Segunda Morte de Suellen Rocha”

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Quatro amigas, um segredo horrível. Vinte anos depois, uma delas morre. Na parede a palavra ASSASSINAS escrita em sangue fresco. Agora Dafne, Mariana e Cacau são jogadas em meio a intrigas e segredos e precisam descobrir quem é o assassino antes que faça outra vítima.
 

Essa é a premissa do thriller  “A Segunda Morte de Suellen Rocha”, da escritora Cláudia Lemes, publicada pela Avec Editora. Claudia, em entrevista, contou detalhes sobre a criação da história e ainda sobre como  foi escrever sobre temas tão delicados, como preconceito e violência doméstica.
 


 

Como surgiu A Segunda Morte de Suellen Rocha?
 

A história da Suellen nasceu quando eu tinha acabado uma série de projetos e sentia que estava na hora de me dedicar a um novo romance. Eu já queria, há tempos, escrever de maneira bem honesta e sem preconceitos sobre as amizades das mulheres. Eu também me sentia atraída pela ideia de ter um tatuador criminoso, usando sua arte para “marcar” suas vítimas, mas eu não queria nada forçado demais. O resto da ambientação do livro foi surgindo como reação à época em que vivíamos quando o escrevi, em 2016-2017; corrupção política, manipulação da fé, feminicídio e as diárias agressões às mulheres – racismo, gordofobia, controle dos nossos corpos, relacionamentos tóxicos… A partir daí a história foi se formando, tomando corpo.
 

Quais foram suas inspirações para a criação da história?
 

Os debates que eu lia diariamente no Facebook, os comentários misóginos em toda e qualquer notícia que eu lia sobre estupro, as discussões políticas… O esgoto da humanidade mesmo, facilmente acessado nas redes sociais.
 

 

Conte um pouco sobre o seu processo de escrita

 

Eu infelizmente não consigo ter um processo de escrita com o meu estilo de vida – eu trabalho em diversos empregos, estudo e tenho filhos. Eu escrevo quando consigo, o que geralmente significa no fim da noite ou de madrugada. Mas quando estou comprometida com um livro eu fico bem pilhada e consigo escrever muito rápido, levando no máximo 3,4 meses para terminar um romance. Então eu o deixo na gaveta por um tempo e depois edito. No caso do Suellen, ele ficou quase 3 anos na gaveta, e foi editado muitas vezes, já que era um livro bem maior.

 

Os personagens possuem uma complexidade impressionante. Como é pensada a criação dos personagens, constrói perfis ou algo parecido antes de começar a escrever?

 

Sim, eu me dedico a conhece-los intimamente antes de começar a escrever. É claro que o personagem só vai criando vida mesmo durante o processo de escrita, mas já é bom ter muita coisa pronta. Eu geralmente respondo questionários para os mais importantes, e desenho apenas traços principais dos personagens menores. Suellen foi difícil com personagens, já que eles todos têm muitos defeitos. Mas foi uma experiência interessante.

 

O livro aborda temas delicados, como violência doméstica. Como foi escrever sobre eles? 

 

É sempre difícil e emocional escrever sobre abuso, preconceito e violência doméstica. No caso do Suellen, que é um livro menos violento do que Eu Vejo Kate e Um Martíni com o Diabo, os trechos que mais exigiram de mim, emocionalmente, foram os relacionados à própria Suellen e as coisas que ela sofre. Cheguei a chorar em muitos trechos. Há uma cena muito rápida, mas muito violenta no finalzinho do livro que também exigiu muito de mim, principalmente pelo meu comprometimento a escrevê-la da forma mais realista possível.

#Livros  


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