Viajantes do Abismo: Nikelen Witter conta detalhes de seu novo livro

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Esta é a história de desertos que avançavam cobrindo cidades. A história de um mundo à beira da destruição. Da gente desse mundo, de sua alienação e da violenta guerra em que se perdeu.
 

Esta é a história de uma mulher que fazia curas e de sua amiga, que dirigia um bordel. E de como elas enfrentaram tudo isso. Também é a história do tigre e da menina. Mas para conhecer todas elas, você terá de aceitar o chamado para olhar o futuro. E mergulhar no abismo.
 

Essa é a premissa de Viajantes do Abismo, novo livro de Nikelen Witter, publicado pela AVEC Editora. Para entender mais sobre a obra de steampunk, o MAIS QI NERDS conversou com a autora.
 

“Viajantes do Abismo parece pra mim ser tão eloquente em tantas coisas. Meu desejo é que ele faça as pessoas sentirem, pensarem. Que a leitura cause um desejo real de mudança. Gostaria muito que o livro caminhasse longe e tocasse, com profundidade, cada um dos seus leitores” – Nikelen Witter.

 

 

Confira a entrevista:

 

– Como surgiu “Viajantes do Abismo”? Como definiria o livro?

 

Viajantes do Abismo surgiu de um monte de inquietações minhas. Acho que o mundo em que vivemos está nos tomando com angústias, nos roubando as possibilidades de fazermos planos para o futuro. Eu queria escrever sobre tudo isso, sobre todas essas dores. Exorcizar demônios internos que me faziam mal. Eu queria falar de medo e impotência, coragem e teimosia. Queria falar sobre perda, sobre o fim, mas também sobre esperança. Disso tudo, nasceu VdA.

 

Eu creio que definiria o livro como uma ave e distopia. O engraçado é que no lançamento do livro na Odisseia de Literatura Fantástica, quando a gente explicava o plot, as pessoas comentavam: “nossa, como isso está atual”! Chegamos ao ponto de assumir uma classificação que nos foi proposta na brincadeira: uma Fantasia de não ficção.

 

Por outro lado, o Alexander Meirelles, do Fantasticursos, que é doutor na área, propôs que a classificação seria: Steam Fantástico Distopia, algo ainda não muito comum por aqui.

 

Gosto de todas. Porém, independente do que se possa atribuir em termos de classificação, quero que VcS seja um livro que envolva as pessoas, que as apaixone pelas personagens, que as faça pensar e traçar paralelos.

 

– Quais foram suas inspirações e pesquisas necessárias para a criação da história?

 

A história partiu da narrativa de um crime real, acontecido em fins do século XIX. Sendo historiadora, eu usei tudo o que foi possível saber sobre o contexto desde crime para construir o ambiente político do romance. Por outro lado, havia todas aquelas questões ecológicas que se devolviam na minha cabeça. Essas duas inspirações determinaram que o romance teria uma estética steam (a questão do mundo do vapor), e teria uma inconformidade, uma rebeldia punk.

 

Pesquisei então, elementos da revolução de 1894 no RS, a degola, o aquecimento global, desastres nucleares, desertificação, nomes indígenas, entre outras coisas.

 

“Tyla” – Arte da Camila Fernandes.

 

– Como é seu processo criativo?

 

Eu preciso caminhar. Sério. É assim que consigo criar. Há um silêncio sonoro nesse processo. Eu observo e ao mesmo tempo estou andando por esses outros lugares dentro da minha mente. Gosto de caminhar pela manhã ou quando travo em alguma parte.

 

Uma outra coisa é a caneta e o papel, mesmo que seja um parágrafo. O papel é mágico para ativar meus processos criativos. Vivo cheia de bloquinhos. Quase sempre é neles que as coisas nascem.

 

– Como foi seu início no mundo da escrita?

 


Eu escrevo e queria ser escritora desde muito pequena. Mas eu era um pouco preguiçosa para colocar na escrita toda a dedicação necessária. Eu me envolvia mais com a leitura, olhava para a escrita como algo que só faria no futuro distante.
 

Ainda assim, fiz oficinas de escrita na adolescência e tinha algum material já organizado quando entrei na faculdade. Aí, passei anos colecionando histórias que eu queria escrever e nunca escrevia.
 

Ainda assim, muita gente que leu o texto do meu mestrado pede até hoje que eu o transforme em um romance, pois já há esse tom no texto científico.
 

Acabou que voltei mesmo a dedicar a escrita mais de 10 anos depois. Primeiro, eu escrevia como hobby durante o doutorado para espairecer, então, fiz muita fanfic nessa época. Com o tempo a coisa começou a ficar séria.

 

Em 2010, abandonei as fanfics e comecei a escrever com a finalidade de publicar. Felizmente, eu pude aproveitar o boom editorial entre 2010 e 2015, e me coloquei como escritora publicando vários contos em coletâneas – primeiro entrando em seleções, depois como convidada – e publiquei meu primeiro romance, Territórios Invisíveis.
Depois, não parei mais.
 


 

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