Luana – e o coven das cinco bruxas: Ronaldo Santana fala sobre seu novo livro

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O autor Ronaldo Santana

O autor Ronaldo Santana acaba de lançar na Bienal do Livro Rio, Luana – e o coven das cinco bruxas. O livro é continuação de Luana e a filha da lua, escrito em colaboração com a autora Flaviana Rangel e publicado em 2016, ambos pela editora RJR.
 

 

 

Em Luana – e o coven das cinco bruxas, segundo de um total de 4 obras, Luana completa 13 anos e seu corpo passa por mudanças inesperadas, afinal, ela não é uma menina como as outras. Sua condição de semideusa traz novos poderes para essa nova fase da vida e ela terá de aprender a lidar com eles. Além das alterações de humor e ter de esconder seu relacionamento amoroso de seus pais. Para conhecer mais sobre o lançamento, entrevistamos o autor Ronaldo Santana.

 

 O que o leitor pode esperar de Luana 2? 

 

Um livro diferente do primeiro. Se no livro 1 você acompanhava a vida de Luana e de Irina, ficava claro pro leitor que Luana estava totalmente alheia as ações da sua algoz. Nesse volume o foco é maior no desenvolvimento de Luana, então o leitor ficará se perguntando o que Irina está fazendo? Suas ações nesse livro estão ainda mais nas sombras o que torna esse livro um pouco mais sombrio que o primeiro. 

 

Esse é o segundo volume de 4 previstos. Já há previsão para os próximos lançamentos? 

 

Ainda não, mas acredito que manterei o intervalo de 2 anos entre cada lançamento. Embora seja um prazo aparentemente longo pra um livro tão pequeno, como autor independente o trabalho de divulgação de cada livro é muito lento e empilhar lançamentos seguidos não me parece muito conveniente. 

 

  Como é o seu processo de escrita? Quanto tempo levou ao todo para escrever Luana 2? 

 

 Esse livro teve contratempos, o maior de todos foi a saída de Flaviana que enriqueceu muito o primeiro livro. Outro foi escrever e dirigir a série Amazon – Guerreiros da Amazônia para a TV Escola.

 

 Ambos esses contratempos me impediram de lança-lo em 2018 pois não teria tempo para fazer a promoção da obra, por isso posterguei para 2019. A parte complicada disso é que enquanto o livro estava nas minhas mãos eu o reescrevia incessantemente. Mas não sou um escritor disciplinado, pelo contrário, fico esperando a inspiração vir. Como roteirista pra Amazon, eu tinha prazos e outros profissionais dependendo do meu trabalho, então tinha que ser profissional, mas em Luana me permito ser mais artista e ir lapidando cada frase, cada ação. Buscando o que há de mais humano em cada personagem e ignorando deliberadamente qualquer fórmula pronta sugerida por tantos outros autores e professores de “escrita criativa”. 

 

Ambos os livros foram publicados pela editora RJR

 Para escrever esses livros você estudou e praticou bruxaria no Círculo de Brigantia, templo-escola de Wicca, Bruxaria Moderna e Culturas Antigas, durante 1 ano e 1 dia até sua dedicação à Deusa Brigite, patrona do templo situado na Tijuca, bairro do Rio de Janeiro. Qual foi a importância dessa dedicação para a escrita dos livros? 

 

 Mudou tudo. Originalmente o livro iria se chamar “Luana e o clube mágico”, mas tudo o que eu aprendia no Círculo com outros bruxos fez o tal “clube” ter uma importância cada vez menor na trama. De fato, ele ainda está no livro, pois está ligado a uma série de personagens que já tinham sido apresentados no livro 1, porém eu estava aprendendo tantas outras coisas sobre wicca que eu precisava pôr na obra. Então o coven liderado por Andressa, a mestra de Luana, ganhou uma relevância gigantesca. Isso contribui para o que eu disse anteriormente, se eu estivesse preso a uma estrutura fixa de roteiro como uma “jornada do herói”, por exemplo, ficaria muito engessado e a magia que me interessa nessa obra é exatamente a capacidade de me surpreender. Se me surpreende, certamente surpreenderá até o leitor mais exigente. 

 

 Quanto a Brigite, a deusa do fogo dos irlandeses, acabou ganhando sua homenagem no livro. Mas não se trata de fan service, ela faz todo sentido dentro do contexto e do que estou construindo na trajetória de evolução de Luana. Esse confronto cultural que na verdade é muito mais comum dentro da wicca do que eu imaginava à princípio. 

 

 Esse tempo de 1 ano e 1 dia é uma exigência dessa religião para que um estudante se torne sacerdote, mas com o Cláudio Ramos, o criador do círculo, a coisa não é bem assim. Ele só inicia a pessoa se perceber que ela está realmente pronta e comprometida, e dentro da wicca não existem posições hierárquicas, uma vez sacerdote, você é igual a todos os outros. Sendo assim essa dedicação funciona como um compromisso que você assume de honrar a deidade do templo. É um ato muito bonito, uma experiência de amadurecimento humano muito valiosa. 

 

  

Sempre abrimos uma última pergunta que na verdade é uma oportunidade: O que sempre quis responder sobre o livro e ninguém nunca perguntou? Nos diga a pergunta e a responda. 

 

 Não tenho exatamente uma pergunta, mas vou aproveitar o espaço pra dizer por que estou escrevendo essa história. 

 

Eu sempre tive interesse no tema e quando tive a dádiva de criar Luana comecei a desenvolver sua aventura sem ter a noção do quão de mim mesmo eu iria doar a essa obra. Acabou que o livro está se tornando quase um registro ficcional de coisas que estou aprendendo com meus estudos ocultistas e filosóficos. Diferente de outras obras de fantasia, o que está em jogo aqui não é a salvação do planeta de um vilão tirânico. Tudo aqui acontece na esfera micro. Se por ventura Irina conseguir seu objetivo de matar Luana, isso não afetará a ordem cósmica, nem ela se tornará a líder suprema da humanidade. Ao contrário, o Sol continuará a nascer e a se deitar como faz desde o início dos tempos. Certamente sua morte afetaria seus pais e amigas, mas nada muito além disso. Aqui eu quero falar do indivíduo e do quão importante ele é dentro desse “plano divino”. Tendo dito isso, espero que apreciem a viagem! 


#Livros   ; ; ;


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