Sergio Chaves e Allan Ledo apresentam o romance gráfico “O Vazio que nos Completa”

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O romance gráfico O Vazio que nos Completa é um dos lançamentos do selo Jupati Books (Marsupial Editora). Com roteiro de Sergio Chaves e desenhos de Allan Ledo, conta a história de Douglas, um rapaz que vê sua vida mudar ao ser diagnosticado com esquizofrenia. Atormentado por alucinações, sua vida só ganha sentido quando conhece Letícia, por quem se apaixona. Mas tudo muda quando seu melhor amigo, afirma que ela não passa do fruto de sua mente. Ele passa então a questionar sobre o limite entre realidade e imaginação nas suas relações interpessoais, abordando diretamente a questão do duplo, tema subjetivo e psicológico representado na história da arte sob inúmeras formas e linguagens.

 

Em entrevista exclusiva ao MAIS QI NERDS, Sergio Chaves e Allan Ledo detalham o processo criativo e revelam como O Vazio que Nos Completa surgiu.

 

Como surgiu O Vazio que Nos Completa?

 

SERGIO CHAVES: Foi logo depois da Café Espacial #15, revista onde o Allan e eu já tínhamos publicado antes. Depois de tanto tempo de parceria, a ideia de uma HQ mais extensa surgiu naturalmente. O objetivo era produzir um álbum próprio, com espaço adequado para o desenvolvimento de algumas ideias e referências que tínhamos em mente. Foi quando propus a premissa da história que viria a ser “O vazio que nos completa” e ele topou na hora. Isso foi em dezembro de 2015.

 

ALLAN LEDO: A ideia de trabalhar em uma história maior surgiu logo depois que eu e o Sergio concluímos uma HQ chamada “Aleivosia”. Naquele momento, eu queria desenhar um pouco mais e achei que o roteiro do Sergio combinaria perfeitamente com o tipo de desenho que eu gostaria de fazer.

 

 

 

A HQ tem como protagonista um rapaz que descobre ter esquizofrenia. Como surgiu a ideia de usar o tema? Foi feita alguma pesquisa quanto a ele?

 

AL: O tema da esquizofrenia foi ideia do Sergio, e foi também uma das coisas que me atraíram no roteiro. Achei que seria interessante traduzir este conceito em termos visuais. Por isso, busquei trabalhar com composições que privilegiassem grandes espaços vazios e um desenho quase minimalista.

 

SC: As primeiras influências são difíceis de traçar. Antes de me tornar designer, trabalhei por muitos anos em uma farmácia na minha cidade natal. Isso me proporcionou uma experiência muito valiosa, que agora repercute de algum modo na HQ.

 

As pesquisas foram constantes durante o desdobramento da história, principalmente sobre os temas esquizofrenia e percepção da realidade. De teorias psicanalíticas a filosóficas, passando também pelo campo da espiritualidade, nossa intenção foi considerar as mais diversas formas de compreensão a esses temas e, principalmente, evitar clichês tão comuns e ofensivos. Pra isso, contei também com o apoio de uma amiga psicanalista, que contribuiu bastante nessa etapa.

 

Ainda que boa parte da pesquisa tenha naturalmente se diluído no decorrer da narrativa, isso tudo foi fundamental para a história que queríamos contar.

 

 

Quanto tempo durou da preparação do roteiro a concepção da obra? Como foi o processo artístico dela?

 

AL: O processo artístico aconteceu de forma bem orgânica. Íamos desenvolvendo a HQ à medida que concluíamos cada capítulo, tanto em termos de roteiro quanto de desenho. Acredito que, de certo modo, este processo foi fundamental para a identidade que a história assumiu no final.

 

SC: Sim, isso nos deu melhor controle para trabalharmos as camadas de interpretação da HQ, além de lapidar a narrativa para o ritmo que queríamos. E como já tínhamos trabalhado juntos antes, não houve nenhum contratempo nesse processo. Do primeiro capítulo escrito à última página desenhada, se passaram dois anos. Mas considerando a criação do projeto gráfico do livro, que também faz parte da história, foram dois anos e meio ao todo.

 

Sergio, a graphic novel é sua primeiro narrativa longa. Como aconteceu a oportunidade de desenvolver esse projeto? Qual o diferencial dele do seus outros trabalhos?

 

SC: Pra mim, sempre foi um objetivo produzir um álbum como esse, e hoje vejo que tudo o que produzi acabou convergindo para isso. Ao longo dos anos, desenvolvi parcerias para histórias mais breves onde abordei diversos assuntos, muitos deles questionando nossa percepção de realidade, tema que sempre foi do meu interesse antes mesmo de eu me dar conta. E “O vazio que nos completa” acaba sendo o amadurecimento dessa minha experiência.

 

O principal diferencial dele é o espaço que tive para desenvolver melhor muitas ideias em uma única história, com ritmo e profundidade adequadas que a limitação de uma HQ mais curta nunca possibilitaria. E, claro, se não fosse a parceria do Allan, que acrescentou à história muito além dos desenhos, essa história sequer existiria.

 

 


#Quadrinhos   ; ; ; ; ;


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