Zumbis e confusões em “O Vidente de Aparelho Quebrado”, de Baltazar de Andrade

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Ernie –  que detesta esse apelido – se mete em um grande problema quando o diretor da escola descobre que ele espiava as meninas no outro pátio no intervalo das aulas. Sua punição é definida: recolher cinzas de zumbis na orla a floresta – isso mesmo, zumbis! – em um lugar nada amigável. Isto é o princípio do caos, após isso, o desastrado e detestado menino é “convidado’ a ajudar Aparelho Quebrado, uma ilha perdida por aí… em algum canto que ninguém sabe…

 

Esta é a premissa de “O Vidente do Aparelho Quebrado”, novo livro do escritor Baltazar de Andrade. Publicada pela Editora Estronho, a obra conta com ilustrações de Nanuka Andrade e Kamila Zöldyek. Para saber mais sobre como foi escrever essa história – um tanto peculiar – conversamos com Baltazar, que nos contou ainda qual será seu próximo livro.

 

Confira a entrevista:

 

Como surgiu a ideia de “O Vidente do Aparelho Quebrado”?

 

Essa idéia tem, mais ou menos, uns 5 anos e meio. Quando comecei, de maneira despretensiosa, minha esposa estava grávida e eu queria criar algo que minha filha pudesse ler um dia. Pensei primeiro em um conto infantil, então botei a mão na massa e, como esperado, errei a mão. Ficou mais maduro do que eu planejei, então acabei abandonando o projeto e só o retomando há um ano, por insistência do Samuel Cardeal. Desde então Ernie tem sido um personagem impulsivo que não faz nada do que eu mando, mas que me dá orgulho a cada página.

 

A história terá uma continuação?

 

Confesso que isso me fisga às vezes, eu realmente me apeguei ao personagem. O Vidente de Aparelho Quebrado foi pensado para ser uma única história, mas não resistir em deixar um ou dois ganchos para fisgar o Ernie de novo. Em resposta à sua pergunta: Eu não sei, sinceramente. Mas se fosse escrever outra história, focaria em outro personagem, deixo à cargo dos leitores adivinharem quem é.

 

Como foi ver a obra finalizada?

 

Eu solicitei as ilustrações ao Nanuka e a Kamila, dois dos melhores artistas que conheço. A grande surpresa foi o livro estar com páginas coloridas. Vendo hoje, não sei se poderia ser de outra maneira, a escolha da diagramação e das fontes… a Editora Estronho deixou ele perfeito, muito melhor do que eu poderia imaginar.

 

 

Como é seu processo criativo?

 

Caótico (risos).
Eu planejo os enredos e esboço vagamente os personagens, o suficiente para continuarem maleáveis o restante da trama. Dependendo do que quero escrever, ainda há todo um processo de pesquisa, também conhecido como minha maior fonte de procrastinação. Digamos, por exemplo, que eu vá escrever uma história sobre ratoeiras, logo vou procurar consumir tudo sobre o assunto, não contente, associaria a uma pesquisa detalhada sobre as espécies de ratos, seus hábitos e habitats. Logo eu estaria com umas três abas abertas no navegador sobre tecidos importados da Tailândia, os efeitos do estrato de repolho no organismo e teorias da conspiração sobre uma sociedade secreta comandada por fabricantes de queijo. E aí lá se foi o tempo em que eu poderia estar escrevendo sobre ratoeiras.

 

Tem em mente ou está trabalhando em seu próximo livro?

 

Tenho muita coisa em mente: Magos capazes de dar vida a origamis, uma criança que misteriosamente nasceu com quatro braços, um futuro em que a programação neural será tamanha que as pessoas não mais conseguirão organizar seus sentimentos sem a ajuda das máquinas. Tudo isso são projetos em andamento que podem, ou não, vingar.

 

E por mais que uma história nova sempre me deixe empolgado, preciso dar atenção aos meus escritos largados no caminho. Por isso, o próximo grande desafio será terminar Rastro Psíquico, um livro em três partes: Metamorfose, Simbiose e Paranoia.

 


#Livros   ; ;


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