Gian Danton fala sobre seu livro, “Como Escrever Quadrinhos”

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Para que um quadrinho faça sucesso, não é preciso apenas bons traços como também um grande texto, que contribua para que o resultado final seja satisfatório. Pensando nisso, o autor brasileiro de quadrinhos, Ivan Carlo,  mais conhecido como Gian Danton, que além de professor universitário, trabalha como roteirista desde 1989, decidiu produzir um livro sobre roteiros. Porém “O Roteiro nas Histórias em Quadrinhos”, lançado em 2010 pela editora Marca Fantasia, não foi o suficiente para suprir a necessidade de conhecimentos da área que os leitores buscavam, e Danton utilizou da sua experiência profissional para se basear na sua segunda obra “Como Escrever Quadrinhos”, cuja lançamento oficial será realizado no dia 16 de junho, na Gibiteca de Curitiba.

 

Em entrevista exclusiva ao MAIS QI NERDS, o autor explicou como surgiu a ideia de escrever um segundo livro sobre o tema, além disso apontou alguns detalhes importantes para a produção de bons roteiros. “Eu costumo dizer que o leitor pode comprar o primeiro número de um gibi por causa do desenho. Mas ele só vai comprar o segundo se o roteiro for bom”, ressaltou ele.

 

Como escrever quadrinhos

 

MAIS QI NERDS – Como surgiu a ideia do livro?

 

IVAN CARLO – Depois de publicar o livro “O roteiro nas histórias em quadrinhos”, percebi que ainda havia temas que precisavam ser abordados.  Leitores do livro ou de meu blog, ou mesmo no Facebook me mandavam perguntas.  Às vezes perguntas simples, como ‘Quanto texto cabe no balão?’ e às vezes complexas. Em 2012, fui convidado da convenção Muiraquicon, em Belém, e depois que um convidado furou com eles me pediram uma segunda palestra sobre roteiro. Na pressa, acabei fazendo uma palestra mais autobiográfica, contando como comecei a escrever quadrinhos, as dificuldades que enfrentei e como as resolvi. No final, quem assistiu as duas, acabou gostando mais dessa e alguns sugeriram que eu escrevesse um livro assim, que ensinasse quadrinhos a partir da minha própria experiência. Foi aí que surgiu a ideia desse segundo livro.

 

 Acha que falta livros do tipo (que sirvam de auxílio na produção de quadrinhos) no Brasil?

 

Sim, faltam livros sobre o assunto no Brasil. Há dezenas de livros ensinando a desenhar, mas poucos ensinando a escrever quadrinhos. Havia o “Guia DC de desenho e roteiro”, da Opera, e um livro do roteirista Marcelo Marat, porém ambos estão fora de catálogo. E há uma grande demanda por esse tipo de livro, não só de futuros roteiristas, mas também de professores querendo conhecer melhor o processo de produção de HQs. Quando eu comecei era ainda pior, não havia nem modelos de roteiro disponíveis.  Quem começava, sempre iniciava do zero. Por isso sempre fui solícito com quem me procurava pedindo informações sobre o assunto e por isso os dois livros.

 

Como definiria o mercado de quadrinhos nacionais atualmente?

 

O mercado hoje é completamente diferente de quando comecei, na década de 1990. Na época, você escrevia roteiros para editores, que faziam tiragens de dezenas de milhares de exemplares para venda em banca. Hoje não temos mais tiragens de milhares de exemplares, mas temos uma grande segmentação e a possibilidade dos próprios artistas publicarem seu material, já que os custos gráficos foram barateados. Sem falar em plataformas de patrocínio coletivo, como o Catarse. E grandes eventos, como a FIQ, em Belo Horizonte, e a Gibicon, em Curitiba, são ótimas oportunidades para vender quadrinhos. Eu fui convidado da Gibicon 1 e 2. Na primeira edição só havia uma banca de quadrinhos paranaenses, da Quadrinópole, do Leo Melo. Na segunda, havia várias bancas, stands, muita gente de Curitiba vendendo seus quadrinhos e muita gente comprando. Ou seja, apesar de não termos tiragens tão grandes, temos uma produção maior. E sempre acreditei que é da quantidade que surge a qualidade. Quanto mais gente estiver produzindo quadrinhos, maior a chance de termos bons quadrinhos.

 

 Como definiria um roteiro de qualidade? O que é preciso para que a história de uma HQ desperte o interesse do leitor?

 

Eu costumo dizer que o leitor pode comprar o primeiro número de um gibi por causa do desenho. Mas ele só vai comprar o segundo se o roteiro for bom. E o que faz um roteiro bom? Há uma série de fatores: Uma boa trama, personagens bem desenvolvidos, ambientação adequada. Além disso, o texto precisa ser complementar ao desenho, dar uma camada a mais de significado à história. Exemplo disso é o Stan Lee. Embora o desenhista trouxesse a página já pronta para ele colocar o texto, Lee sempre colocava uma camada a mais de significado à página, como aconteceu com o Surfista Prateado, que era apenas um arauto de Galactus nos primeiros esboços de Jack Kirby e se tornou esse personagem incrível graças ao texto do roteirista.

 

“Como escrever quadrinhos”?

 

Só existem duas maneiras de escrever quadrinhos de qualidade: produzir muito e escrever muito. Produzir mesmo que seja para a editora gaveta, pois é através da escrita que vamos apurando nosso texto. E ler de tudo, romances, livros técnicos, quadrinhos dos mais variados tipos e estilos, revistas. Todo grande roteirista de quadrinhos que conheço é um leitor voraz.

 

O livro pode ser adquirido também através do email de Danton (profivancarlo@gmail.com), no valor de R$25.


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