Marcos Mota fala sobre seu livro de estreia “O Enigma dos Dados”

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A carreira do escritor Marcos Mota começou do ato de contar histórias para o sobrinho pequeno. Foi onde percebeu que suas criações despertavam o interesse das pessoas e decidiu colocá-las no papel, transformando a história de ninar seu sobrinho em seu primeiro livro. Porém, ele não se trata de “Objetos de Poder – O Enigma dos Dados”, livro de estreia do escritor, publicado pela Editora Novo Século. Este é o primeiro livro seu a ser publicado, mas é o sétimo a ser escrito por Marcos.

 

“Objetos de Poder – O Enigma dos Dados” conta a  história de Isaac Samus, um inteligente garoto de treze anos, que descobre que o matemático Euclides utilizava cinco dados, com faces em quantidades variadas, para prever o futuro. Juntamente aos dados, Issac encontra ainda uma moeda de ouro com o símbolo da rainha de Enigma, que também pertencia ao matemático. Com as descobertas, a vida do garoto começa a correr perigo. E ao lado de Bátor e sua filha, Gail, ele deverá utilizar do poder adquirido para achar o segundo objeto de poder pertencente aos humanos, o Cubo de Random.

 

Em entrevista exclusiva ao Mais QI Nerds, o escritor falou sobre como surgiu a ideia do livro e a utilização de matemática em uma história de fantasia. “Associar números com “magia” foi tremendo, porque a matemática por si só já é pura magia, de alto nível, rs” ressaltou ele, que disse ainda que a publicação da sequência da saga dependerá das vendas e do interesse da editora, pois dos três livros planejados para a continuação, dois já estão concluídos.

 

Além de mencionar diversas referências do mundo literário, Marcos Mota falou ainda sobre o seu processo de criação e o espaço de literatura de fantasia no mercado nacional. Confira a entrevista:

 

Objetos-de-poder

 

Como surgiu sua carreira de escritor?

 

Como todo bom escritor, eu sempre fui um leitor voraz desde pequeno. Mas a decisão de me tornar um escritor profissional surgiu inicialmente do ato de contar histórias para meu sobrinho há alguns anos, quando ele ainda tinha 5 anos de idade. Os pais dele estavam na Europa e o deixaram aqui no Brasil, e eu precisava fazê-lo dormir à noite, então, comecei a inventar uma história. Ao invés de cair no sono, o guri ficou mais aceso e todas as noites, na casa da vovó, ele pedia para que eu continuasse “aquela” história da noite anterior. Quando seus pais retornaram, eu decidi colocar o conto no papel para entregá-lo de presente, mas acabou virando um livro de 356 páginas (ainda não publicado). Mostrei para alguns amigos o que eu tinha escrito e eles também gostaram. A partir daquele momento decidi que escreveria profissionalmente.

 

Como surgiu a ideia de escrever o livro? Quando pensou em  juntar matemática e magia?

 

“O Enigma dos Dados” é o sétimo livro que escrevo, embora seja meu livro de estreia, o primeiro a ser tradicionalmente publicado. Eu o escrevi pensando em minha filha, Sophia. Desejava encantá-la com uma história tão original quanto fosse possível. Como sou engenheiro por formação acadêmica, decidi usar uma teoria que fala sobre a previsão de eventos futuros através de estatística e probabilidade. Pode parecer piada, mas fui influenciado por desenhos como DOKI da Discovery Kids, inclusive existe um desenho desse personagem que se chama “O Aqueduto” (risos), e outros desenhos também infantis, assim como ideias de colegas de trabalho na época em que eu o estava escrevendo. Associar números com “magia” foi tremendo, porque a matemática por si só já é pura magia, de alto nível (risos).

 

Em quais outros projetos você está trabalhando?  Há previsão de lançamento da sequencia de “Objetos do Poder”?

 

Esse livro tem inicio, meio e fim. A jornada de aventura de Isaac, Bátor e Gail é concluída. Obviamente, quem o lê percebe que deixei elementos possibilitando as sequências. A publicação delas, pela Editora Novo Século, depende unicamente das vendas dessa edição. Espero que eles apostem na publicação das próximas aventuras, pois, para minha satisfação como escritor, os leitores estão adorando o livro, e cobrando com força continuações.

 

O que podemos esperar da sequência?

 

Eu planejei a coleção para ser um conjunto de quatro livros, sendo que o segundo e terceiro já estão escritos. Fechados e com ponto final. A questão para escrever o último livro da série foi que os primeiros leitores de “O Enigma” começaram a especular situações que não estavam planejadas para os personagens. Esse é o problema de já se ter escrito sequências, antes de esperar a “reação” do público ao primeiro livro. Sem exceção, todo mundo quer saber sobre a Rainha Owl, sobre seu encontro com Isaac, algo que pra mim, até então, era indiferente para a trama geral, cujo foco está em como os Objetos foram encontrados. Acredito que um autor deva frustrar seus leitores certos momentos, provocar reações adversas, mas também corresponder a muitos anseios. E um deles, como por exemplo, esse encontro, tem que ocorrer em algum momento. Posso garantir que não ocorrerá nos dois próximos volumes.

 

Sobre o livro dois, ele será focado nos Objetos do Desporto e no da Geografia e História. Os personagens principais são um gigante e um anão. No livro três, teremos os Objetos das Ciências Naturais e da Linguística, e a história acontece entre uma fada e um aqueônio. No quarto livro, focarei no último Objeto, ainda secreto. (risos)

 

 

 

O que acha necessário para a construção de uma boa história? Qual seu processo de criação?

 

Uma boa história sempre possui personagens memoráveis. Esse é o ponto alto de qualquer boa literatura. Quando lemos “A Letra Escarlate” nos apaixonamos por Hester Prynne. Em “E O Vento Levou…” Escarlete é descrita com precisão, passamos a acreditar que ela existiu. O mesmo acontece com Frodo em “O Senhor dos Anéis” ou Harry Potter nos livros de Rowling. É impossível existir uma boa história sem bons personagens.

Meu processo de criação não é o mesmo de 6 anos atrás, quando decidi que seria escritor. Hoje, em resumo, costumo escolher o tema sobre aquilo que pretendo escrever (a ideia central que desejo explorar). Pesquiso muito sobre o assunto e procuro ler tudo que posso sobre o que já foi escrito a respeito na literatura de ficção. Construo uma sinopse dos capítulos no Word (ela recebe várias modificações ao longo do processo, mas servem como um guia), programo os dias em que poderei escrever e coloco as mãos na massa.

 

 

Quais suas referências no mundo literário?

 

Fui impactado por Mary Shelley. Após ler Frankenstein, eu queria escrever algo com tamanha grandiosidade. Essa autora me ensinou sobre poesia na prosa. Mas C. S. Lewis talvez seja a maior referência que tenho para meus textos, não precisamos comentar sobre isso, ele é perfeito. Eu li Tolkien, porque não acreditava ser possível a um autor escrever fantasia de alto nível apenas conhecendo os filmes, seria necessário ler seus livros. E, sinceramente, fiquei maravilhado com o que encontrei em “O Senhor dos Anéis”, comecei lendo “por obrigação” e me apaixonei, com ele aprendi a importância dos detalhes. Tenho uma coleção de Nora Roberts (que ganhei de uma amiga), quase 20 livros, ela me ensinou a construir personagens. Sou fascinado pela escritora australiana Emily Rodda, seus livros me ensinaram como enxugar um texto. Por fim, já li quase toda obra publicada de Lovecraft e sem dúvida ele se encontra entre meus escritores preferidos, e por quem sou muito influenciado também, ele me ensinou como criar o ambiente que precede a ação. Contudo, nenhum desses autores não teriam feito muito por mim, não fosse uma revisora (particular), Sofia Araújo, que criticou racional e severamente meus primeiros textos, instigando-me a buscar a excelência na escrita. Ela é sem dúvida minha maior referência no mundo literário.

 

O que acha sobre os livros de fantasia no mercado nacional?

 

Tenho visto inúmeros lançamentos e isso tem me alegrado, porque, até então, o gênero fantástico, com seus subgêneros, não era bem visto pelos editores e críticos brasileiros de um modo geral. Digo isso em relação ao estilo de literatura de fantasia que temos visto hoje com dragões, criaturas místicas e mundos medievais ou futurísticos. Por outro lado, acredito que ainda temos muito que desbravar e conquistar para conseguir convencer o mercado editorial sobre o poder de nossas criações (nacionais) dentro do gênero. Muito pouco ainda é investido. Dá-se preferência aos romances teens modernos e livros de ficção com temáticas de auto ajuda.

 

Quais conselhos deixa aos que desejam virar escritores?

 

Se eu tivesse que montar algumas regras, elas seriam essas, não necessariamente nessa ordem: – Sejam antes de tudo leitores. Nunca esperem a inspiração vir para escrever; comecem escrevendo que inspiração vem. Sejam disciplinados e busquem um certo grau de conhecimento técnico sobre a escrita, vale a pena. O clichê “não desistam” é real. Não esperem serem descobertos, o mercado editorial não está nem aí pra vocês; os leitores, sim. E são os leitores que despertam e sinalizam o mercado.


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