Criado por Francylene Silva - 26 de outubro de 2022 às 18:19
O livro ilustrado “Ela & O Monstro”, pela sensibilidade do texto de Linda Bailey e da tradução de Nilsen Silva, e belos traços de Julia Sardà, leva os leitores ao ponto de criação onde criadora e criatura se entrelaçam e transbordam, em um processo de inspiração do que viria a ser a obra que originou a ficção científica moderna.
Frankenstein ou o Prometeu Moderno, da inglesa Mary Shelley, foi escrito em 1816, quando a escritora tinha apenas 18 anos. Símbolo do romance gótico, em uma narrativa epistolar (ou seja, desenvolvida através de cartas), a obra descreve a história de Victor Frankenstein, um jovem estudante que, em busca dos mistérios da criação, acaba originando uma criatura monstruosa em seu laboratório.
Mais que uma biografia ilustrada, “Ela & O Monstro” mostra o ponto primordial onde a ideia de Frankenstein surgiu: um desafio proposto pelo poeta britânico Lorde Byron durante uma viagem entre amigos. “Cada um de nós escreverá uma história de fantasma”, disse o poeta na ocasião, segundo o prólogo que a autora escreveu para a edição de 1831 da obra.
O despertar da curiosidade e imaginação de Shelley é contextualizado no livro, mostrando suas influências de infância e destacando o quanto a história criada há mais de 200 anos foi um marco, sendo imortalizada na literatura, no teatro e no cinema.
O livro ainda acentua o que a história bebeu da vida da escritora: de suas relações familiares — sendo filha de dois escritores renomados da época, William Godwin e Mary Wellstonecraft, e casada com o escritor Percy Bysshe Shelley —, de sua visão de vida e a importância das descobertas da época. E além disso, a obra reflete a necessidade humana de imaginar.
Os desafios de desvendar uma biografia tão complexa, envolvendo paixão e luto, ganham outras dimensões quando é feita pensada para o público infanto-juvenil. Com detalhes sutis, as ilustrações de Julia Sardà emanam melancolia, contemplando as sombras e as agruras presentes tanto na vida de Shelley, como em sua obra.
A paleta de cores sóbrias e as expressões lânguidas dos personagens reforçam uma atmosfera densa, em cenários que parecem se mover nos quadros. É quase como se pudéssemos escutar o silvo dos ventos.
Em uma “noite lúgubre de novembro”, a ideia de Frankenstein surgiu a uma mulher com habilidade de transformar sonhos em palavras.
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