Criado por Francylene Silva - 26 de outubro de 2023 às 23:27
Os planos de escrita da dupla May Mortari e Sol Coelho parecem ser tantos que a previsão é de que ouviremos — e leremos — ainda muito sobre os dois. Eles se juntaram, em carreira e vida, para a criação do chamado Maysolverso, um universo de possibilidades e narrativas de fantasia e romance sobrenatural com protagonismo queer.
O mais recente é Dragões de Vidro Não Podem Nadar, noveleta publicada de forma independente que mistura e exemplifica todo o cenário mencionado. Nela, encontramos o dragão Danxia que está se transformando em vidro e cuja amizade com o monstro marinho, Gal, o faz visitar Ponta da Praia, mesmo o oceano sendo um devorador de vidro mágico. Anos após a morte do amigo, Danxia continua indo ao local, cada vez mais convencido de que a morte dele não foi acidental. Então o dragão se junta a Rúbio, o capataz da fazenda em que vive e com quem tem um relacionamento enigmático, e à feiticeira Vanda para tentar descobrir o destino de Gal — e o próprio.
Desbravando o Maysolverso, conversmos com os autores May e Sol, que nos detalharam o processo de criação da obra e anteciparam o que podemos esperar desse universo.
Vocês podem contar sobre o ponto de partida de Dragões de Vidro Não Podem Nadar? Houve algum estímulo em particular para darem início à criação da noveleta?
May: Essa história tem um ponto de partida divertido! Em janeiro, nós resolvemos traçar um planejamento pros nossos planos de escrita para 2023 e ele incluía um conto ou noveleta, uma história mais curta que nós pudéssemos lançar de forma independente em ebook, justamente pra começar a apresentar o universo no qual temos trabalhado desde que decidimos escrever juntos. Essa noveleta no planejamento já tinha um dos personagens mais ou menos criado e o título parcial Dragões de vidro, mas o complemento mudava um pouco.
Sol: Certo dia, fomos em um barzinho aqui bem do lado de casa para ver algumas amigas de May. Enquanto esperávamos, contei sobre uma missão que tinha feito recentemente em Genshin, sobre uma menina que visitava a carcaça de um monstro marinho, e como tinha ficado impactado com aquela imagem. Aproveitando a inspiração do local onde estávamos — Jangada do Velho Chico —, começamos a ordenar a história. Os demais elementos acabaram vindo em seguida, resultado das coisas que consumíamos na época (olá, Tik Tok, estou olhando pra você!).
Podem nos falar um pouco como foi o processo criativo da noveleta, principalmente sendo a narrativa escrita a quatro mãos? Quanto tempo houve da ideia até a publicação?
May: Da ideia inicial até a publicação foram cerca de 9 meses, mas a escrita dela mesmo foi em junho, então foi um período bem curtinho daí até o lançamento, no começo de setembro. Só o tempo de o texto passar por uma leitura da nossa agente, uma edição nossa pra acertar alguns pontos e pela leitura e revisão de outros profissionais. Também teve o processo de concepção e comissão da arte da capa e diagramação nesse meio. Mas, de quando começamos a escrever até a publicação, foram cerca de 3 meses só! Foi um processo bem rápido, porque é uma história mais curta.
Sol: Inclusive, depois que organizamos as fichas de personagem e o outline, o nosso processo de escrita é bem rápido. É divertido porque temos o dom de completar algo que o outro começou a escrever, e as ideias se encaixam muito bem. Escrever juntos também ajuda bastante naqueles momentos em que a gente trava com uma imagem, uma ideia ou mesmo uma palavra: sempre dá para contar com olhos renovados para completar o quebra-cabeças.
Quais as maiores dificuldades e prazeres ao escrever narrativas mais breves?
May: Você acredita se eu disser que narrativas curtas são o terror da minha vida? Eu me criei como escritor no mundo das fanfics e, por mais que eu escrevesse one-shots (fanfics de apenas um capítulo), o meu amor verdadeiro eram aquelas seriadas gigantes com centenas de capítulos, que a gente passava anos atualizando e acompanhando. A maioria das histórias do Maysolverso são independentes e não muito longas, projetadas para serem livros únicos, mas muitas delas são interligadas entre si, o que me dá uma sensação de continuidade que eu não teria em Dragões de vidro. Justamente, por isso, foi um desafio pra mim. Mas um que eu quis muito. Era uma das minhas metas para 2023: provar para mim mesmo que podia trabalhar com narrativas realmente curtas, sem que fossem rasas ou “sem tempero” — esse era um dos meus maiores medos.
Sol: Eu, ao contrário, sou apaixonado por narrativas breves. Aquele sabor de coisa por dizer, por contar, isso sempre me deixou encantado. Acho que fomos muito bem-sucedidos nesse ponto de “deixar uma promessa” com os Dragões. O meu desafio na verdade foi não escrever uma história maior. Danxia e Rúbio têm tanta personalidade, tanta química, que eu não queria sair de perto. Sabia que eles iam encantar as pessoas porque eu mesmo estava encantado e não sentia nem um pouquinho de vontade de ir embora, mas infelizmente tive que ser um adulto responsável e me ater ao roteiro.
A história faz parte do MAYSOLVERSO, que vocês já deixaram claro sobre o que os leitores podem esperar — monstros, magia e protagonismo queer. Outras narrativas já estão sendo elaboradas? São elas, ou alguma delas, uma ligação direta de Dragões? Ou apenas usam de um mesmo pano de fundo?
May: Nós temos, até o momento, três romances prontos dentro do que chamamos de Maysolverso, mais dois em produção e outros planejados. Tudo isso além dos Dragoboys. O universo base do Maysolverso é conectado ao nosso mundo, na verdade. É um universo de fantasia urbana com vampiros, demônios e outras criaturas mágicas. Mas ele se expande também para universos paralelos, como é o caso do mundo dos Dragoboys, que é um universo dentro de um sonho.
Sol: E muitas ideias na cachola! A sério: nosso cronograma de escrita para 2024 já está lotado e nem conseguimos encaixar tudo que queríamos escrever. Podem esperar mais histórias curtas também! Gostamos bastante do processo e da recepção, e é refrescante ter algo novo e breve para divulgar.
#Livros Dragões de Vidro Não Podem Nadar; Entrevista; fantasia; Livros; maysolver
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