Quantas realidades podem existir dentro de uma mesma realidade? Quantas possibilidades podem existir dentro da representação de uma realidade? A nossa percepção sobre o que é real pode ser subjetiva quando existir e parecer existir se desenrolam em um onírico fio condutor.
No quadrinho “Tecnodreams”, de Isaque Sagara, somos apresentados a duas realidades. Duas mulheres. Cida, mulher negra, mãe, moradora de uma comunidade, que acorda cedo para ganhar o sustento. E Viviane, patroa de Cida, rica, que vive inseguranças no casamento. As duas, provindas de cenários bem diferentes, tem suas percepções sobre a vida contrastadas quando uma inovação tecnológica coloca em voga toda a desigualdade social entre elas.
A tecnologia – que aparece como o pano de fundo da narrativa – trata-se de uma máquina que permite ao usuário ter sonhos agradáveis, um verdadeiro vislumbre da felicidade almejada. Mas o que isso significaria para cada uma delas?
Entre dilemas e reflexões, o autor conduz a narrativa em um ritmo consistente, que se destaca pela expressividade dos personagens. Todos os conflitos, até mesmo os intrínsecos, são palpáveis. As questões sobre a realidade ser construída por mérito e o desejo de mudança, muito presentes em nosso cotidiano, aproximam o leitor da história. Tais ponderações desencadeiam ainda mais aspectos sobre sonhos, realidade, percepção e felicidade, mesmo após a última página.
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quadrinhos; resenha; Tecnodreams
