“O rio que passou em minha vida”: Entre águas e memórias

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“Não posso definir aquele azul

Não era do céu nem era do mar

Foi um rio que passou em minha vida

E meu coração se deixou levar”
 

As águas subiram e com elas as mudanças ocorreram. O mundo como era conhecido não mais era o mesmo. O espaço foi explorado e as oportunidades vieram àqueles com riquezas e privilégios, e alguns poucos através da sorte – Néia sendo um deles. 
 

A ficção científica pós-apocalíptica de Renan Bernardo, “O rio que passou em minha vida”, apresenta uma narrativa que, ao acompanhar uma ex-professora de 63 anos, reflete sobre como a organização social revela a desigualdade. 
 

Na história, o nível dos oceanos seguem subindo. Os ricos encontraram, em estações espaciais ao redor da Terra, abrigo. Os que ficaram, tiveram de se adaptar às mudanças constantes das águas e de seus espaços. Néia conseguiu um lugar em uma estação espacial, mas o seu coração continua no Rio de Janeiro. Ela busca na oportunidade de um emprego a aguardada visita à cidade. E a encontra como guia de exploração para a rica e famosa caçadora de recompensas Rebeca Soares. 
 


 

Entre canais do Rio e memórias, a escrita objetiva de Renan conduz o leitor a confrontar como essa enxurrada de mudanças impactou a vida de todos. Não apenas as modificações no local, como ainda nas relações sociais e na visão sobre as próprias pessoas e seus novos papéis em uma sociedade que acentuou ainda mais seus contrastes. 
 

O protagonismo de Néia é essencial para tal, sendo ela a testemunha das transformações que ocorreram – conhecendo o antes e depois da Terra – , e ainda servindo de contraponto àqueles cujas experiências diferem da dela, como o caso de Rebeca. Está nesse conflito de perspectiva o ponto crucial da narrativa e o que a torna interessante. 
 

A vida e as escolhas de Néia, Rebeca e daqueles que ficaram na Terra são fundamentadas nas suas experiências e, principalmente, nas suas oportunidades. Um mesmo acontecimento toma caminhos diferentes, dependendo do ponto de partida. Assim como um mesmo rio pode encontrar diversos lugares para desaguár. 
 


 

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