Criado por Francylene Silva - 30 de setembro de 2021 às 18:09
O estilo inconfundível de Marcel Bartholo traz em traços e cores um texto nem tão conhecido de um dos maiores escritores brasileiros, Machado de Assis.
Fazendo parte da Escafandro, revista pulp da Ultimato do Bacon Editora, o quadrinho homônimo é inspirado no conto “A Vida Eterna”, publicado em 1870, no Jornal das Famílias, destinado ao público feminino da época, que Machado assinou sob o pseudônimo de Camilo da Anunciação.
Ao contrário do que pode sugerir o conhecimento sobre o público alvo ao que o conto original se destinou, tendo em mente ainda a data de sua publicação, a narrativa está longe de ser um romance de heróis e heroínas. Partindo de uma conversa entre amigos regada a charutos e bebida, os desdobramentos da história acontecem de forma intensa e misteriosa, utilizando de dois pontos centrais: a supressão de escolhas do protagonista, ele é conduzido aos atos que comete, e o aspecto mórbido, que faz com que a narrativa transmita ainda uma sensação quase onírica.
Com uma narrativa objetiva, a cada leitura a percepção sob os elementos desvendam camadas e possibilidades, além da dubiedade do final, deixada a cargo da visão do leitor, ao contrário do que ocorre no texto original. Isso faz com que a história ganhe um tom gótico. Está exatamente nessa ambiguidade de real e imaginário, de loucura e sanidade, o ponto principal da adaptação.
De uma bizarra proposta, os acontecimentos escalonam rapidamente e vão, em seu caminho, reunindo angústia e terror.
#Quadrinhos A Vida Eterna; Escafandro; resenha
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