“Cabeça de Capivara” e o que nos torna humanos

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O que nos torna humanos? Na balança entre mente e corpo, qual teria maior peso para definir a humanidade em uma pessoa? Talvez entre essas perguntas, ou semelhantes a essas, encontraremos diversas respostas, provindas pela história, antropologia, pela biologia, sociologia e também psicologia. Talvez nessas pesquisas nos deparamos com a frase: “O homem não nasce humano, ele se torna humano”. A isso também seria possível definir que os aspectos sócio-culturais são grandes influenciadores. 
 

Marx considerava, por exemplo, que o homem para ser humano mescla o aspecto biológico  com o social. O último, se apropriando de tudo o que a humanidade desenvolveu e que é expressado socialmente por ela. O trabalho tendo um papel fundamental nisso. 
 

Se pensarmos nesse aspecto, nos afastar da sociedade nos levaria então a um processo de desumanização? Em Cabeça de Capivara, André Ota nos apresenta um rapaz que um dia acorda de um sonho estranho. E no lugar de sua cabeça humana, aparece uma cabeça de capivara. 
 


 

Narrado em primeira pessoa, o personagem nos imerge em reflexões sobre o antes e depois de sua transformação, trazendo em questão sua própria humanidade e o quanto dessa mutação poderia ser resultado de seu afastamento da sociedade.
 

São pensamentos que nos guiam a fundamentos que fogem às páginas, – o que faz de nós humanos? – que nos conduzem através da poética do texto à reflexões próprias, a comparações, ao mergulho sobre nós mesmos e a nosso próprio senso de humanidade. É como se nosso pensamento fosse invadido e a voz do interlocutor reverberasse em nossa mente – o que faz de nós humanos?.
 

A sensibilidade do texto – que o leitor deve se permitir ler em voz alta – se associa ao traço que se destaca no fundo preto nos dando clareza da expressividade dos gestos e evidenciando símbolos do isolamento que o personagem se encontra. Entre lençóis desarrumados, pilhas de livros e louças na pia, um rapaz com cabeça de capivara reflete sobre vida, solidão e todos os outros sentimentos.
 


 

Referências: Moretti, V. D., Asbahr, F. S. F., & Rigon, A. J. (2011). O
humano no homem: os pressupostos teórico-metodológicos da teoria histórico-cultural. Psicologia & Sociedade,
23(3), 477-485.



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