Descolorindo Eloah: Sobre cores e lágrimas

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O amarelo de manhãs tranquilas se transformam com a chegada de nuvens carregadas de preconceito. O vermelho de bochechas coradas de felicidade se esvai com atos de repreensão. Aos poucos as cores vão acabando na vida de Eloah, que se encontra em momento tão delicado, no limite do que consegue suportar. 
 

Descolorindo Eloah”, drama de Felipe Saraiça, aborda a descoberta de Eloah como mulher trans, destacando principalmente como isso afeta sua relação com a família e as dificuldade de seu dia-a-dia na escola. Muitos temas delicados para algumas pessoas, como depressão e bullying, são retratados na obra. 
 

Ao contrário do que realizou em “Para Onde Vão os Suicidas?”, do qual a obra foi originada e cuja complexidade dos personagens é um dos destaques, Felipe é mais categórico no trato dos personagens em “Descolorindo Eloah”, com definições bem marcadas de quem é “bom e ruim”. Isso tem como auxílio a perspectiva em primeira pessoa que ainda entrega de forma implacável a avalanche de sentimentos que Eloah vive diariamente. 
 

A sensibilidade de Felipe se vale de que, mais que evidenciar as descobertas e principalmente coragem de Eloah em se aceitar como é, ele trabalha de forma consciente  de como agressões – sutis e pesadas – afetam a vida das pessoas. Não apenas em Eloah, como ainda nos outros personagens. Diversos deles passam também por situações complicadas durante a trama. 
 

Se em seus demais trabalhos a poesia aparece como atenuante para histórias dolorosas. Neste, Felipe tem como elemento importante a música, sempre evidenciando o poder expressivo e reconfortante da arte. Contudo, mesmo que em alguns momentos ela apareça como meio para lidar com sentimentos, não há como negar que a maior parte das passagens do livro são densas. Nelas o escritor consegue o que já está habituado a despertar nos leitores, lágrimas.
 


 


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