Não seria novidade alguma elogiar as qualidades da escrita de Felipe Castilho, ou ainda se surpreender com a criatividade de suas narrativas. Em Serpentário, o autor não foge à sua própria regra. Adiciona ainda o humor ácido característico, mas dessa vez acompanhado de uma história de terror que vai se revelando em passos lentos.
A história é dividida essencialmente em duas linhas narrativas, com os eventos presentes e o passado dos protagonistas. Na primeira, somos apresentados à Caroline, que desde o início deixa claro duas coisas: algo aconteceu anos atrás na Ilha das Cobras e agora os traumas daquele dia a acompanham.
Já os flashbacks não apenas vão revelando, aos poucos, os acontecimentos que antecederam o fatídico ano novo de 2000, quando a amizade de Caroline, Hélio, Mariana e Paulo foi destruída. Como também esclarecem quem eles eram e o quanto da morte de Paulo os modificou.
O terror fica a cargo do desconforto de ter os piores pesadelos trazidos à tona, de ter de lidar com as consequências dos atos e do lapsos de memória do que realmente aconteceu na Ilha das Cobras, que confundem os personagens.
Entre essas linhas narrativas, outra, intercalando histórias, parece ao princípio desconexa à trama central. O entendimento delas, assim como a história em si, acontece apenas no final e precisará do conhecimento de algumas informações do leitor. Tais como aspectos do tempo que se passa a narrativa, principalmente a transição de 1999 para 2000, o que pode não funcionar para todos.
A narrativa utiliza diversas referências, que vão desde folclore a elementos da cultura pop e da literatura de horror. E, além disso, traz um pano de fundo repleto de discussões sócio-política-cultural.
Felipe puxa fios distintos e emaranha em um nó coerente, com uma pluralidade de significados e interpretações, onde cada leitor poderá absorvê-las à sua própria maneira.
Jornalista. Sonho em me tornar uma mistura de Lizzie Bennet e Tracy Whitney, tirando a parte fora da lei. Ler e escrever são o que mais gosto de fazer. Fico nervosa sem um livro na bolsa ou quando não acho caneta e papel quando a inspiração vem. Tenho sonhos a lá filme de Spielberg e ilusões amorosas por Mr. Darcy.
A história é dividida essencialmente em duas linhas narrativas, com os eventos presentes e o passado dos protagonistas. Na primeira, somos apresentados à Caroline, que desde o início deixa claro duas coisas: algo aconteceu anos atrás na Ilha das Cobras e agora os traumas daquele dia a acompanham.
A narrativa utiliza diversas referências, que vão desde folclore a elementos da cultura pop e da literatura de horror. E, além disso, traz um pano de fundo repleto de discussões sócio-política-cultural.
