Guirlanda Rubra: O início de uma jornada intrínseca

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Livros de fantasia muitas vezes nos apresentam mundos novos e jornadas empolgantes. Guirlanda Rubra, de Erick Santos Cardoso, não foge disso. Contudo, está na perspectiva apresentada o grande diferencial da obra. 
 

Toda a trama é explorada sob o ponto de vista de Garlando Espendi, um belo rapaz de classe alta que apesar de um triste acontecimento passado tem tudo o que o nome de sua família pode agregar, inclusive o título de doutor. Curtindo ao máximo de seus privilégios, sempre em festas e com diversas mulheres, ele tem todo o futuro já planejado. Porém, sem conseguir esquecer de uma paixão adolescente e sempre sendo jogado nos braços de uma guerra prestes a eclodir, ele tenta lidar com seu papel no mundo e a busca de sua independência. 
 

Mais do que magia e batalhas épicas, a história discorre sobre amadurecimento e autoconhecimento. Dentre todos os desejos do protagonista, se tornar herói não estava entre eles. E assim como foge de uma vida que parece já escrita por outros, por muito tempo ele tenta escapar de seu destino numa guerra capaz de transformar o seu mundo.
 


 

Por conta do ponto de vista restrito a Garlando, realizado em terceira pessoa, as informações sobre o contexto do mundo ficam retidos ao que ele sabe, e muitas vezes, ao que lhe importa. Com isso, a maioria dessas informações são recebidas pelo leitor ao passo que se tornam de conhecimento do protagonista. E também, apesar de compreendermos o cenário cada vez mais hostil, acompanhamos reflexões e atitudes de um jovem que diversas vezes tem tais situações em segundo plano enquanto tenta lidar com as agruras da fase adulta.
 

A visão ainda sobre os personagens secundários – muitas vezes utilizando de flashbacks –  se vale exclusivamente da perspectiva do protagonista, que ao longo de sua vida encontra poucos elos. Dentre os mais explorados está o amor de adolescência Celes, tão importante que apesar de terem perdido contato, o jovem não consegue esquecer e dedica a vida na busca pela amada. Esse amor é o que tece as escolhas de Garlando, e que, por vezes, o leva a ter atitudes que podem ser consideradas imaturas ou egoístas.
 

Romance de estreia de Erick Santos Cardoso, Guirlanda Rubra vai desvendando o mundo aos poucos e assim fica mais fácil a compreensão da complexidade de um cenário que tanto explora elementos mágicos, políticos e religiosos. No último quesito, ainda é interessante acompanhar qual o poder da religião em um mundo cuja magia não é vista com bons olhos.
 

O escritor apresenta uma escrita fluída, que mistura referências e as transforma em algo homogêneo. A trama nos guia em descobertas e segredos, iniciando uma jornada empolgante que ainda há muito a explorar. Que venha Lâmina Celeste! 
 


Em uma edição primorosa, publicada pela Editora Draco, a obra conta com ilustrações fantástica de Abel retratando os principais personagens da história. 
 


 


 

Erick Santos Cardoso é desenhista de coração e editor de profissão. Mestre em comunicação, amante da cultura pop em todas as suas vertentes. Tem na Editora Draco o seu projeto para produção e desenvolvimento da literatura de entretenimento e quadrinhos nacionais.
 

Guirlanda Rubra é seu romance de estreia, com mágicas ilustrações de Abel (Ditadura no Ar, Apagão, DC Comics e Necromorfus).


#Livro  


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