Daruma é um boneco redondo e oco, feito artesanalmente, que é visto pela cultura oriental como talismã de boa sorte e símbolo de perseverança.
Segundo a lenda, ele faz referência ao monge indiano Bodhidharma, que embrenhou-se em uma caverna com a finalidade de passar 9 anos dedicados à meditação. Para tal, ele cortou suas palpebras para se manter acordado. Assim, ele alcançou o tão desejado estado de iluminação.
Por está razão, os bonecos são vendidos com os olhos vazios, a serem preenchidos, segundo a tradição, pelo seu dono. O primeiro ao fazer um pedido e o segundo, após sua realização.
Damião fez um pedido para o Daruma, e agora ele teme que se concretize…
Com roteiro e arte de Orlandeli (“O Mundo de Yang”, “O Sinal”), o quadrinho Daruma traz os traços inconfundíveis do autor em uma história sobre a influência do destino nas escolhas individuais, o livre arbítrio e a força do querer.
Flertando com o humor em uma narrativa guiada pelo suspense, é impossível não se aflingir com a luta intrínseca do personagem central contra o poder imenso que o senso de fatalidade, algo inevitável, começa a exercer sob sua vida após o impensado pedido, realizado no auge de uma decepção amorosa.
Em um momento onde se encontra confuso, ele se vê tomado pela raiva, que julga ser motivada pelo místico talismã, que o estaria instigando para concretizar o pedido. Uma inquietação é despertada no rapaz, que interpreta situações ocorridas como desdobramentos que o levariam à tal realização. Arrependido, ele começa então a descontroladamente tentar frear tais impulsos. Nisso, se inicia um conflito interno onde racionalidade e emoção promovem um verdadeiro embate para tomar o papel de mais influente no rumo das ações de Damião.
A paixão avassaladora que o rapaz nutre começa a tomar um ar doentio, e página a página, o leitor é guiado pela obsessão, fúria e impulsividade de Damião até o intenso clímax. Promovendo reflexão sobre autoconhecimento, Daruma salienta o quão importante é sabermos lidar com sentimentos conflitantes e frustações.
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