Resenha: “Vera Cruz – Sonhos e Pesadelos”, de Gabriel Billy

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Um ladrão, uma princesa quilombola, um índio amaldiçoado, um inventor frustrado, uma princesa destronada e um curupira Oiti. Uma jornada pelo mais poderoso objeto em meio a uma mundo dividido entre tecnologia e magia. 
 

“Vera Cruz – Sonhos e Pesadelos” pode ser definida como uma história de steampunk com ficção histórica. O livro, escrito por Gabriel Billy, além de construir um cenário promissor, revela diversos nomes desconhecidos da história do Brasil e explora de forma original o folclore nacional.
 

Na obra, as duas principais nações de Vera Cruz estão em guerra: Lisarb, qe vive sob um regime, conhecida por suas invenções e inovações; e Ouro Preto, criada por ex-escravos e refugiados de Lisarb, e, ao contrário dela, ignora uso da tecnologia, porém se desta por utilizar o poder da magia. Em meio a isso, inventores esquecidos, figuras da família imperial, bandeirantes, revolucionários e artistas, contando com tecnologias nascidas no Brasil e aspectos de culturas de matriz africana e indígena.
 

A importância da obra se faz em apresentar uma narrativa puramente nacional que se vale de personalidades e seres que apesar de retratar o país, não são tão reconhecidos quanto os que habitam culturas mundo afora. A pluralidade de personagens folclóricos, que vão desde os conhecidos curupira e boitátá, aos nem tão famosos, capelobos, por exemplo, nos mostra o quanto desconhecemos da própria cultura, quando a busca por mais explicações são necessárias.
 

A narrativa parte da perspectiva do ladrão Pedro Malazarte, procurado por ambas as nações, em sua busca a Ivi Marã Ei, a Terra Sem Males, onde almeja a Borduna de Jurupari, o que acaba por atrair outras pessoas à sua jornada. Estas, tem suas linhas narrativas conhecidas por conta da constante troca de cenários e perspectivas.
 

Com um grande elenco, o aprofundamento dos personagens ficou em segundo plano, sendo a história em si protagonista. Com isso também, pouco se desenvolveu das relações entre eles, salvo alguns casos.
 


 

A obra não se delonga em descrições. Para forma de contextualização e aprofundamento das figuras retratadas, um extensivo guia de personagens e referências históricas está disponível ao final do exemplar. Com ele, o retrato acompanha tanto a descrição de feitos e história que  serviram de inspiração, quanto seu papel na obra.
 

Com uma narrativa pouco detalhada e bastante objetiva, o autor peca ao acelerar seus desdobramentos e assim, interromper trechos cuja tensão estava em crescente por viradas que acrescentam ainda mais informações ou explicações.
 

O final, que tem uma virada surpreendente, indica que a jornada está apenas começando . Com tantas peças interessantes em mão, Gabriel Billy tem um cenário incrível para não apenas a continuação, mas ainda para a construção de mais narrativas nele. Que estas venham, com menos pressa e ainda mais brasilidade.
 


 

Gabriel “Billy ” Castilho é formado em Belas Artes pela UFRJ. É escritor (“Na fronteira da Realidade”, “Madame Cosmópolis”) e ilustrador (“NOÉ”), além de músico e compositor.


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