Resenha: Planeta Brutal, de Raphael Miguel

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Sinopse: Os eventos que culminaram no Primeiro Dia assolaram a face do Planeta Terra. Com a população reduzida drasticamente e com os efeitos das extinções de espécies e do aquecimento global, os sobreviventes tiveram que se adaptar a uma nova realidade… uma realidade feia, cruel, visceral, BRUTAL.

Em meio ao caos, após ter vivenciado o lado mais horrendo dos remanescentes, uma mulher leva seu pequeno filho pelo deserto sem fim na intenção de encontrar um lugar melhor para sobreviver, mas o perigo espreita pelos cantos e cada passo pode ser mortal. 

 

Distopia imprevisível coloca em questão o conceito de bem e mal

 

O autor Raphael Miguel, depois de percorrer a fantasia e o romance urbano, ingressa na distopia com coragem apresentando uma obra cujo título descreve perfeitamente o que o leitor achará, um Planeta Brutal. Tendo como cenário um mundo pós-apocalíptico caótico, somos apresentados a uma novo mundo, onde as transformações ocorridas a partir do Primeiro Dia ( como é nomeado o dia que modificou a Terra) vão muito além de questões geográficas e naturais. A lei agora é sobreviver, a qualquer custo.

 

Assim como encontramos em Ácido & Doce – A Rosa Fatal, na obra o autor constrói personagens complexos e controversos. Em um mundo onde o mais forte vence e em que elos emocionais podem ser uma fraqueza, eles acabam por terem questões como ética e integridade bastante flexíveis. Os protagonistas contam com personalidades dúbias e fortes, e apesar de poderem cativar o leitor por um ou outro motivo, facilmente ele (o leitor) questionará as atitudes deles.

 

Melhor exemplo disso é a protagonista Kaiara, um mulher forte e determinada. Tentando ser uma boa mãe para o pequeno Diel, ela faz de tudo para proteger o filho, até matar se for preciso. Fica perceptível como a nova realidade e as experiências que adquiriu a partir dela, a moldaram. E ainda fica claro como nada será barreira para concluir seus objetivos.

 

 

O autor fez uma escolha audaciosa em apresentar uma narrativa em primeira pessoa, com revezamento de diversas perspectivas. Repleta de cenas de ação impressionantes, e com uma visão parcial da narração, a obra poderia proporcionar um ponto de vista incompleto de cena ao leitor, o que não ocorre.

 

Oposto a isso, o autor, com auxílio de capítulos curtos, apresenta um direcionamento da leitura, enaltecendo o que é realmente importante na narrativa no momento e omitindo informações com a pertinente (e impiedosa) intenção de surpreender. Ao invés de entregar a história, o leitor é guiado página por página a ir a costurando, com o desenrolar da narrativa de cada personagem que compartilha o protagonismo da obra.

 

O ritmo da história é impressionante, e o que choca ainda é a quantidade de acontecimentos que ocorrem em pouco mais de 300 páginas, sem ser algo corrido. Parte do mérito se deve, como mencionado, a troca de perspectivas, que acabam por dar dinamismo à história, mas também pela escrita objetiva de Raphael Miguel.

 

Destacamos ainda a descrição dos cenários e das cenas de ação. O primeiro, muito importante para contextualização, já o segundo, facilmente imaginável devido ao detalhamento da situação. A tensão ainda permeia todas as linhas, ainda mais ao entendimento de que, de fato, a imprevisibilidade reina e o leitor pode esperar por tudo.

 

Apesar de ter um final definido, ele ainda deixa em aberto a possibilidade de uma continuação. Afinal, o que é mostrado é apenas algumas figuras desse novo mundo enigmático. Planeta Brutal é sanguinário, cruel e imprevisível, entrega uma história em um mundo vil onde as motivações se sobressaem ao bem ou mal e cuja sobrevivência é uma luta diária.

 

 

 

Detalhes: A obra conta com ilustrações ao decorrer do texto. Ao final,  ela dispõe de material extra com uma playlist para embalar a leitura, mapas e ainda um final alternativo.

 

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Nascido e criado na cidade de Botucatu (SP), Raphael Miguel iniciou sua carreira literária em 2015 através de publicações de diversos contos e poemas em antologias.

Em 2016, publicou O Livro do Destino, pela Editora Chiado. Já em 2017 teve dois lançamentos: Ácido e Doce – A Rosa Fatal (Editora Xeque-Matte) e 5 (Darda Editora). Planeta Brutal é seu terceiro livro solo.


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