Violento, malandro, boca-suja, o pequeno e mal-encarado Malagueta anda incontrolável pelas ruas de São Paulo. Nem mesmo seu criador, Gabriel Pieri, parece capaz de conter o cãozinho (e seu sucesso) que parte destemido dos quadrinhos online para a publicação impressa pela Editora Veneta.
Refletindo o caos do centro de São Paulo e explorando aqueles exageros típicos dos mangás de ação, o quadrinho ganhou reconhecimento com as publicações pelas redes sociais. Para conhecer mais sobre o personagem e a nova fase dele, batemos um papo com Pieri. Entre inspirações e processo criativo, o quadrinista pontuou sobre essa transição do online para o impresso. “Espero que as editoras além de publicar impresso também queiram nos ajudar investindo na publicação dos quadrinhos online”.
Confira a entrevista:
Um cãozinho bravo que aterroriza São Paulo. Como surgiu Malagueta? Houve algum estímulo em particular para você dar início à criação desse personagem?
Sempre gostei de cachorro e queria fazer quadrinho de personagem que era o tipo de quadrinho mais popular anos atrás. Malagueta surgiu de uma mistura, de um cachorro de rua que via quando estava na Praia Grande e da cidade de São Paulo num geral, que cresci e nasci. Acho que o estímulo foi uma época que estava puto com tudo, em 2019 pra 2020, e resolvi botar tudo isso pra fora com esse personagem.
Observamos atualmente um crescente interesse em publicar em formato físico, webcomics de sucesso, como Rei de Lata, Ping Pong e Drama e agora Malagueta. Como você observa essa busca? E como aconteceu a publicação pela Editora Veneta?
No meu caso, e acredito que também no caso dessas obras mencionadas, sempre houve demanda dos leitores para um formato físico das obras. Quando Malagueta só tinha 10 páginas, já haviam pedido para ele ser impresso. Acho ótimo que as editoras estejam olhando para essas obras. O caso mais importante para isso acontecer, na minha opinião, foi Arlindo, que bateu recordes no Catarse. São quadrinhos que possuem leitores fiéis e já possuem um público cativo, as editoras têm que ir atrás cada vez mais dos quadrinhos online, ambas as partes ganham.
Esse modelo de publicar online e depois publicar impresso já está se tornando a norma num mercado gigante de quadrinhos como o do Japão, vejo isso se tornar mais comum também no mercado brasileiro. Já vejo autores que possuem obras impressas indo publicar seus novos trabalhos nas redes sociais, só espero que as editoras além de publicar impresso também queiram nos ajudar investindo na publicação dos quadrinhos online. O caso da Veneta é que chegou na mão deles de autores que já foram publicados por eles e acompanham meu trabalho, depois houve interesse em me publicar e adaptar Malagueta para esse formato físico.
Pode nos falar um pouco como é o processo criativo de Malagueta?
É bem simples na verdade, não possuo tanto tempo para uma pré-produção, simplesmente anoto uma ideia no celular ou num caderno, se dou risada sozinho dela já começo a rabiscar a página e publicar no dia seguinte. Foi assim com Malagueta e tá sendo assim com Iraúna, é o jeito mais confortável para a rotina, sem muito entraves, gosto de dizer que é fazer quadrinho como eu tivesse contando uma história pra você na hora, sem muito ensaio.
Você está atualmente trabalhando em um novo quadrinho? Você pode nos contar um pouco sobre o que podemos esperar dele?
É a Iraúna do Olhar Âmbar! Se trata dessa personagem que tem contato com o sobrenatural de apelido Nera e chamada de Iraúna por espíritos e criaturas, sempre acompanhada de cães espectrais infernais e sua assistente Nanda. É uma obra de “monstro da semana” de horror e comédia. Sempre fui fascinado por filmes e quadrinhos que tem essa temática do sobrenatural e terror e que também tem aquele toque de humor, então decidi fazer o meu, pra quem curte Bleach, Hellblazer, Yuyu Hakusho, Evil Dead, Dylan Dog, Billy e Mandy e jogos de terror espero que Iraúna do Olhar Âmbar caia no gosto de vocês!
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