Douglas Utescher fala sobre a OGRA – Feira de Quadrinhos Independentes

Criado por -

Surge um novo evento de quadrinhos: A OGRA – Feira de Quadrinhos Independentes. Dedicada totalmente às HQs brasileiras autopublicadas ou lançadas por pequenas editoras e coletivos, a feira foi criada pelos fundadores da Ugra Press, reconhecida editora/loja de quadrinhos, que sempre movimenta o cenário.
 

O evento acontece no dia 18 de setembro, na Galeria Ouro Velho, em São Paulo, local onde fica a loja física da Ugra. Para saber mais sobre a OGRA, conversamos com Douglas Utescher. 

 

Como surgiu a OGRA?
 

Foto: Igor de Melo (Quadrinhos Impossíveis)

 

Acho que dá para dizer que a OGRA surgiu aos poucos. Organizar eventos é algo que fazemos desde o início da Ugra. Antes mesmo de abrirmos a loja física, nós já fazíamos o Ugra Zine Fest, que teve seis edições, sendo a última em 2017, no Sesc Belenzinho. Por razões diversas, o Ugra Zine Fest está temporariamente adormecido, mas nosso desejo de organizar feiras não.
 

Algum tempo atrás, aconteceu na Galeria Ouro Velho – local onde fica nossa loja – uma feira de vinil. O evento foi um sucesso e aquilo obviamente nos deu um estalo: se dá para fazer uma feira de vinil, também dá para fazer uma de quadrinhos!
 

Logo em seguida veio a pandemia, as coisas demoraram um pouco para estabilizar, mas agora finalmente entendemos que estava na hora de desengavetar o projeto.
 

Qual considera a importância de dar visibilidade a artistas independentes e pequenas editoras e coletivos?
 

As editoras maiores costumam ter mais interesse na publicação de HQs traduzidas – material que já obteve sucesso no exterior e que, portanto, representa um risco menor de investimento. Sendo assim, a maior parte da publicação de quadrinhos brasileiros está nas mãos de pequenos editores ou dos próprios autores. Além disso, acreditamos que algumas das coisas mais interessantes, inovadoras e provocativas dos quadrinhos estão neste meio. Um meio que não está inserido no esquema dos grandes varejistas e que parece invisível a boa parte da mídia especializada.
 

Atualmente, o Brasil tem uma agenda incrível de eventos voltados para as HQs. Mas ainda sentíamos falta de uma feira dedicada única e exclusivamente à produção independente.
 


 

Qual a sua avaliação do mercado de quadrinhos nacional?
 

Trabalhar com cultura no Brasil é extremamente complicado, e os quadrinhos não são exceção. Somos um país que lê pouco, que enfrenta uma situação econômica lamentável, governado por uma turma que deliberadamente entende cultura como uma ameaça. Tudo isso cria um cenário propício para o “salve-se quem puder”, ou seja: cada uma das partes que compõem este mercado está correndo por sua própria sobrevivência, com pouco diálogo produtivo entre elas e sem um pensamento a longo prazo.
 

Ainda assim, os últimos anos nos presentearam com o surgimento de diversas editoras e com uma profusão de lançamentos nunca antes vista no Brasil. O grande desafio, agora, é descobrir como fazer disso um mercado sustentável, e não um momento breve que ficará na lembrança de colecionadores nostálgicos.


#Quadrinhos   ; ; ;


Quer fazer parte da equipe?

Acesse a página Colabore e saiba como. Esperamos você!