Criado por Francylene Silva - 28 de junho de 2022 às 17:56
O que torna Kurt Cobain inesquecível? Ou faz Fred Mercury ser ouvido até hoje? Como não pensar em Jim Morrison? Ou Sid Vicious? As lendas do rock são eternas. E em “Este é o mar”, sabemos como elas são criadas.
A autora argentina Marianna Enriquez, com uma escrita objetiva, narra o caminho da construção de um ídolo em um mundo regido por figuras mitológicas que utilizam do poder do fanatismo para tornar pessoas selecionadas, ícones imortais… na memória.
Em um sistema com regras próprias, o nível mais alto a ser atingido é quando uma das Luminosas, seres sobrenaturais que manipulam e estimulam a devoção humana sobre astros da música, conseguem que a morte os eternize no auge de suas carreiras.
A narrativa curta acompanha a Luminosa Helena, que assim como as demais, adota uma forma humana em sua tarefa de tornar James Evans, o vocalista da banda Fallen, uma lenda. Para tal, ela passa a trabalhar como assistente do rapaz, posição fundamental para manobrar a opinião pública sobre ele e tornar sua tarefa possível.
A escritora apresenta uma narrativa despretensiosa e bastante poética sobre a complexidade do sentimento de uma pessoa que dedica a vida à idolatria por um artista, onde essa mistura de amor, raiva e desejo é transformada em uma pungente força motriz enlaçando destinos.
A profundidade dos sentimentos retratados pelos fãs é contrastada pelo aspecto neutro dos seres mitológicos, que beiram o macabro pelo trato insensível à manipulação da vida humana. Uma frieza assustadora das criaturas que não possuem qualquer emoção.
Este é o mar, um mar de idolatria, onde tem aqueles que se destacam na imensidão e todo um sistema por trás, onde figuras veladas trabalham de forma contundente para que ele exista, ao desejo delas.
#Livro Este é o mar; Mariana Enriquez; resenha
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