Entrevista: R. A. Oliver conta detalhes sobre a série Agridoce e Mágica

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Fantasia e mistérios com protagonistas LGBTQIA+, é disso que se trata a série
Agridoce e Mágica, do escritor R. A. Oliver. Ou, se usarmos de suas próprias palavras, é uma “coletânea de momentos doces e amargos, com protagonismo LGBTQIA+ e cercados com muita magia”. 
 

Deste mundo, três histórias já foram lançadas. “A Estranha no Chat”, “Quero você de volta” e o recente O Refúgio Oculto”. Os contos ganharam capas com ilustrações incríveis de Renata Nolasco. 
 

Em entrevista ao Mais QI Nerds, o autor além de dar detalhes sobre seu processo de escrita e inspirações, destacou a importância do protagonismo LGBTQIA+ e revelou se há a possibilidade de unir os personagens em uma só história. 
 

Confira: 
 

Como surgiu a ideia da série Agridoce e Mágica? Como descreveria ela?
 

Fantasia e terror são os gêneros que eu mais consumo em qualquer formato de mídia, seja em livros, séries, filmes, mangás ou animes. Dos formatos que assisto, no entanto, o anime com certeza é o que consumo mais. E a primeira ideia de escrever uma fantasia em que feiticeiros e feiticeiras levavam vidas “normais” em meio a uma sociedade que não faz ideia de que eles existem surgiu enquanto eu assistia um anime de comédia, o Saiki Kusuo no Psi-nan, que conta a história de um garoto secretamente muito poderoso que faz o possível e o impossível para manter o seu segredo muito bem escondido. Eu gostava dessa dinâmica e pensei que daria para criar uns bons dramas usando essa premissa de pessoas mágicas “causando encrencas” em situações que deveriam ser normais. Pensando nisso, foi daí que tirei inspiração para criar o universo da série Agridoce e Mágica, onde jovens adolescentes e adultos brincam com magia o tempo todo para tentar resolver seus problemas ou até criar outros.
 

Incluir personagens LGBTQIA+ no protagonismo desses contos foi o passo seguinte. Acontece que, desde algum tempo, decidi que só escreveria histórias com protagonismo LGBTQIA+, especialmente depois de me dar conta de que já existem histórias demais com protagonistas fora desse meio, e muitas delas são muito boas. O suspense e o terror – fonte das quais bebo enquanto escrevo a série Agridoce e Mágica -, por sua vez, têm tão pouca representatividade que dá para contá-las nos dedos, e algumas delas possuem destinos tão trágicos que não dá nem para usar de inspiração. Sendo assim, como costumo dizer para todo mundo que me pergunta sobre a série, a minha vontade era a de criar algo novo e colocar esse povo LGBTQIA+ para sentir medo, mas ainda assim lhes permitir um respiro de alívio quando fosse a hora certa – ou seja, colocá-los em histórias “agridoces”.
 

Então acho justo descrever a série Agridoce e Mágica como uma coletânea de momentos doces e amargos, com protagonismo LGBTQIA+ e cercados com muita magia!
 


 

Cada conto tem protagonistas diferentes, há alguma ideia de usá-los em histórias conjuntas?
 

Essa ideia existe, sim, mas confesso que ainda não trabalhei muito nela. Uma coisa é certa: independentemente de os protagonistas e as histórias serem tão diferentes entre si, eles estão no mesmo universo e, de um jeito ou de outro, cada história conta um novo detalhe sobre as regras que os cercam, construindo um todo pouco a pouco. Existe uma ideia de unir essas histórias no fim das contas, mas, se eu seguir a premissa que tenho em mente no momento, talvez elas não se unam de um jeito tão óbvio assim.
 

Quais foram suas inspirações para criação da série?
 

Além do anime Saiki Kusuo no Psi-nan, que me proveu com a ideia inicial “genérica” do que seria a série Agridoce e Mágica, outras histórias me serviram de inspiração, dando os primeiros insights para cada um dos contos já publicados. “Quero Você de Volta”, por exemplo, foi concebido enquanto eu assistia a uma gameplay de Phasmophobia, um jogo de terror cooperativo em que um grupo de caça-fantasmas utiliza de diversos itens mágicos (ou não) para contatar entidades que assombram alguns cenários. A inspiração nesse jogo é tão forte que eu cheguei a incluir dois comandos – frases ditas pelos jogadores na busca pelos fantasmas – como parte do diálogo que acontece no conto. “A Estranha no Chat”, por sua vez, foi inspirado pelo simples fato de eu me perguntar o que aconteceria se tudo desse errado para uma pessoa que está fazendo uma live – e a parte engraçada é que eu estava de novo assistindo a uma live de Phasmophobia quando essa ideia me ocorreu. Quanto a “O Refúgio Oculto”, o esqueleto inicial inteiro da história me surgiu durante um momento tão aleatório que fica até difícil explicá-lo: enquanto eu assistia ao clipe de “Perfect World”, do grupo feminino de kpop Twice. A pessoa que assistir esse clipe talvez até consiga prever por si só o plot da história, mas garanto que ela ainda vai ter motivos para se surpreender quando ler o conto.
 


 

Conte um pouco sobre seu processo criativo.
 

Uma das minhas principais inspirações em termos de escrita é o Stephen King, quase como um pastor na minha vida, então, a essa altura da minha vida, já li tanto sobre o processo criativo dele que poderia descrevê-lo para qualquer um. O que não posso dizer é que faço o que ele faz – até porque também não tenho tanto tempo disponível quanto ele -, mas o ponto de partida da minha criação é parecido com o dele: uma frase que resume bem o conceito todo do conto. O que aconteceria se a pessoa na minha frente se parecesse muito com a pessoa por quem sou apaixonado, mas não fosse ela? E se, durante uma transmissão, uma streamer falasse algo que pudesse afetar por completo o seu trabalho e as pessoas que a assistiam? E se a única pessoa capaz de salvar a vida de um grupo de pessoas fosse também aquela que é mais odiada por todas elas? Tendo esse ponto de partida, eu estalo meus dedos, escrevo a primeira frase e desbravo o meu caminho até o final da história, que provavelmente é a única parte que me é previsível de todo o projeto.
 

Outra coisa que acho importantíssimo fazer enquanto escrevo é continuar lendo histórias e autores que me inspiram. Acompanhar um livro com uma boa narrativa e uma história envolvente é, sem sombra de dúvidas, importantíssimo para me manter inspirado enquanto escrevo.
 

Há previsão de quantas histórias serão ao todo na série?
 

Foram previstas 4 histórias para serem lançadas no ano de 2021, uma a cada três meses. Isso significa que, depois de “O Refúgio Oculto”, o próximo conto sairá provavelmente em dezembro, algumas semanas antes do Natal. E depois disso, estarei mais do que pronto para dar seguimento às outras histórias e sagas cujas ideias estão guardadas aqui comigo.


#Livros   ; ; ;


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