Entrevista: André Ota “Tofu Verde” fala sobre “Cabeça de Capivara”

“Um dia ele acordou de um sonho estranho e, em vez de uma cabeça humana, tinha uma cabeça de capivara. Ele já estava se escondendo de todos, mas, agora, tinha a desculpa perfeita para se isolar definitivamente do mundo.”
 

Essa é a premissa de Cabeça de Capivara, primeira HQ de André Ota, ou como é conhecido, “Tofu Verde”. Em entrevista exclusiva ao Mais QI Nerds, André revelou que a vontade de produzir quadrinhos sempre esteve com ele, apesar de relutante. “Eu achava que não era competente o suficiente para produzir uma (HQ), o que é engraçado, porque a vontade de produzir quadrinhos voltou depois de um período bem ruim da minha vida. E o mais estranho, é que eu usei essa fase da minha vida como inspiração”, contou André. 
 

A história sobre um homem que muda sua forma é o plot do famoso livro de Kafka, “A Metamorfose”, e é dele – um dos livros favoritos de Ota – que surgiu a inspiração principal para o quadrinho. Já a escolha sobre a cabeça de capivara foi devido a uma fanzine criada pelo quadrinista, onde há várias ilustrações de uma pessoa com cabeça de capivara dizendo quotes de filósofos, escritores e famosos. 
 

Quando perguntado sobre o processo de criação do quadrinho, André disse ter sido um tanto caótico. “No começo eu tentei produzir um roteiro e seguir um processo fácil de delinear, mas eu não conseguia escrever uma só linha da história! Então, eu parti direto para o desenho página por página, criando conforme as “ideias” surgiam, o que é claro aconteciam empecilhos óbvios conhecidos como bloqueios criativos. E tudo que eu podia fazer era literalmente esperar que as ideias viessem, nessas horas eu tentava deixar de pensar na HQ por um tempo, ver os amigos, andar de bicicleta, isso realmente ajudava. Na organização da história, eu imprimia todas as páginas e colava na parede de casa para ter uma visão “total” de como o quadrinho estava ficando”, disse o quadrinista.
 

Novo no cenário de quadrinhos independentes, André destacou a adaptabilidade dos artistas em criar para web, via crowdfunding e ainda o crescimento da comunidade: “Me dá um pouco esperança que dias melhores virão”.