Entrevista: Hataoh fala sobre criação e inspirações de “Ping Pong e Drama”

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Um jogo de grande competitividade. Pessoas em busca da vitória vivenciando fortes emoções. Isso mesmo, estamos falando de crianças do ensino fundamental que jogam ping pong! 
 

Esse é o plot do quadrinho “Ping Pong e Drama”, de Hataoh. Surgido de maneira despretensiosa, a HQ está sendo publicada pela plataforma Tapas e nas redes sociais do quadrinhista.
 

Para falar sobre criação e inspirações da webcomic, Hataoh nos concedeu entrevista. Confira:
 

Como surgiu Ping Pong e Drama? Como definiria a webcomic?
 

Bom, primeiramente eu gostaria de agradecer pela oportunidade de poder falar um pouco sobre o meu quadrinho! Ping Pong e Drama surgiu de uma forma um tanto quanto inesperada, antes de eu de fato começar a sequer pensar em fazer um quadrinho, eu acabei me deparando com um anúncio de uma espécie de concurso onde o vencedor ganharia alguns quadrinhos nacionais mais uma publicação (online) em uma coletânea com os demais vencedores, só que tinha um pequeno porém nessa história; todos os quadrinhos deveriam ser one shots, ou seja, uma história de começo, meio e fim, não apenas isso mas eles teriam que ter obrigatoriamente uma temática envolvendo esportes.
 

Quando eu vi esse concurso meus olhos simplesmente brilharam, eu tinha acabado de tomar um tombo enorme por conta de uma tentativa falha de tentar ganhar alguma premiação no grande concurso de mangá; Silent Manga Audition, então minha autoestima “desenhística” estava totalmente destruída, entretanto, ver um concurso mais nichado envolvendo a temática ‘esportes’ me animou bastante para tentar uma segunda vez.
 

No meio de ideias vindo de lá para cá existia uma pequena e singela pergunta que uma hora ou outra sempre voltava a batucar na minha cabeça, que consistia em “e se tivesse uma história de ping e pong com um teor exageradamente dramático envolvendo crianças?”. No começo eu simplesmente decidi deixar ela de escanteio, até porque, para um concurso mais temático, fugir um pouco da caixinha poderia acabar me complicando bastante, mas mesmo com esse pensamento eu acabei decidindo seguir com essa ideia. 
 

Ironicamente, no fim das contas eu acabei não enviando Ping Pong e Drama para esse concurso por conta de alguns problemas pessoais que me impediram de terminar ele a tempo, talvez tenha sido o destino me falando para levar esse projeto adiante e não deixar ele ser apenas uma história de capítulo único ou o destino só ficou com dó de me ver perdendo outro concurso de novo? Nunca saberemos!
 

Posso dizer facilmente que essa história ganhou vida própria enquanto eu a rabiscava, tudo parecia tão espontâneo, eu pensava em um personagem e logo em seguida eu já estava com todo o seu back story pronto, fora todas as ideias envolvendo crianças e como eu poderia  abusar disso, como por exemplo os pirulitos serem quase que objetos de luxo para eles, e por conta disso tudo eu definiria Ping Pong e Drama como uma história viva, onde ela vai para onde ela quer ir. Sei que eu devo estar parecendo um maluco falando isso de “história viva”, mas é o que eu sinto.
 


 

O quadrinho conta sobre crianças do ensino fundamental que jogam ping pong como se fosse a coisa mais importante de suas vidas. Quando crianças, geralmente temos essas paixões extremas sobre algo. Qual foi a sua?
 

Desde pequeno a minha paixão extrema sempre foi, ironicamente, desenhar (e isso não mudou muito desde então). Acredito que por nunca ter parado de desenhar nem por um instante essa paixão simplesmente não deixou de existir e nem ficou mais fraca, o que é meio engraçado, porque essa paixão meio que só nasceu por conta de um sentimento de ódio. 
 

Já peço perdão por fugir um pouco do assunto, mas eu me sinto obrigado a contar essa história sempre que eu tenho a oportunidade…. Quando eu era bem pequenininho, minha mãe costumava fazer desenhos belíssimos para mim e para minha irmã, o problema é que ela cansava muito rápido de ficar com a bunda na cadeira desenhando, por conta disso muitas vezes ela só acabava desenhando para mim ou para a minha irmã, e numa dessas foi quando aconteceu. Minha irmã como de costume pedia para que ela desenhasse seus ursinhos de pelúcias e a vítima dessa vez era um urso do Cascão (da turma da mônica) o problema é que o desenho tinha ficado extremamente bom, e como só existia um desenho e era da minha irmã eu acabei ficando muito frustrado e com ciumes, e foi aí que começou, no mesmo dia eu peguei uma folha de papel e alguns lápis e fiquei o dia inteiro desenhando usando o maldito usinho do Cascão como modelo. No fim do dia eu tinha feito uns 14 desenhos do ursinho do Cascão e nenhum deles tinha realmente me deixado satisfeito, e por conta disso no dia seguinte eu continuei tentando até conseguir fazer algo decente, e quando saiu eu lembro até hoje que foi uma das sensações mais satisfatórias que eu já tive, e a partir daí eu nunca parei de desenhar.
 

Quais são suas maiores influências para a criação do quadrinho? 
 

Minha maior influência para Ping Pong e Drama é sem sombra de dúvidas o mangá Kaguya Sama: Love is War. Me deparei com esse mangá em 2018 e desde então não o largo de jeito algum, toda essa ideia de tornar algo normal e simples (no caso de Kaguya sama é mais normal ainda, que é o amor) em algo ridiculamente dramático sempre me chamou muita atenção, e eu só consegui de fato botar esse sentimento em palavras depois de ler essa obra. Toda a arte do Aka Akasaka como um todo também é um baita referência minha. A forma que ele carrega os tons de cinza nas cenas mais ‘dramáticas’ e deixa as expressões desesperadas dos personagens sem serem em um contexto verdadeiramente desesperador sempre me faz rir, e isso é algo que eu busco muito no meu próprio quadrinho. 
 

E só para não ficar só falando da minha influência em relação ao “drama” do meu quadrinho, quero deixar bem claro o quão fã do mangá “Haikyuu!!” eu sou!
 

Acredito que o meu maior objetivo é conseguir transmitir um nível semelhante de dinamismo e impacto que o Haruichi Furudate consegue mostrar em suas páginas, principalmente em suas cenas de ação, esse homem faz milagres, as vezes sinto que nem estou lendo um quadrinho de tanto dinamismo que ele consegue passar.

 

Conte um pouco sobre o seu processo criativo.
 

Honestamente meu processo criativo não é lá grandes coisas, eu costumo rascunhar primeiramente as páginas em um caderno escolar de desenho, como se fossem uma espécie de prints de cenas de um desenho animado (sem ter sequer um roteiro pronto aliás), e após terminar todas todos esses prints eu vou formulando o enquadramento das páginas de uma forma semelhante a um quebra cabeça, só encaixando um print no outro até fechar uma página. Após isso eu parto para realmente começar a fazer o roteiro, sempre tentando ao máximo encaixar falas nos prints já imaginados anteriormente, é uma loucura, eu sei…. mas eu juro que no final dá tudo certo! E tendo terminado o roteiro aí sim eu começo a produção das páginas de um jeito mais convencional.
 

Há previsão de quantos capítulos serão ao todo?
 

Como eu disse antes, para mim essa é uma história viva, todo o universo e personagens simplesmente saíram engatinhando sozinhos feito um bebe assim que puderam, e por conta disso eu não pretendo tirar muito as rédeas dessa “espontaneidade” que esse quadrinho teve desde a sua criação. Entretanto, se fosse para dar uma previsão de quantos capítulos mais ou menos essa história teria eu diria que uns 20-25 já são mais que o necessário para contar tudo o que eu quer quero contar.
 


#Quadrinhos   ;


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