Criado por Francylene Silva - 1 de fevereiro de 2021 às 17:50
Morte. Luto. Transformações. O quadrinho Cordélia, que conta com roteiro de Tali Grass e arte de Ana Mei, busca um novo olhar sobre acontecimentos complexos da vida. Através da história da garota Cordélia é acentuado a beleza de ressignificar o incompreensível.
Para conhecer mais sobre inspirações e processo de criação do quadrinho, batemos um papo com Tali, que ainda nos contou qual será sua próxima publicação. Confira:
Como surgiu Cordélia?
– Há três anos, depois de um período bem turbulento na minha vida, iniciei um curso de produção audiovisual.
O curso era bem prático, com aulas de roteiro e produção de um curta-metragem. Eu já escrevia prosa, desde os 15 anos, mas nunca tinha escrito um roteiro. A história que viria a se tornar “Cordélia” nasceu nessa época.
– O quadrinho fala sobre morte, fim de ciclos e a beleza das transformações. Quais foram as inspirações para a criação da história?
– Minhas histórias são, de alguma forma, um grande desabafo. Uma forma de colocar para fora momentos perturbadores ou cenas que ficam na minha cabeça até que eu encontre um lugar ou função para elas. “Cordélia” é uma forma de olhar para um período difícil que vivi, e eu nunca mais fui a mesma pessoa depois dele – e precisava ressignificar tudo que aconteceu para conseguir seguir em frente. O nome da personagem, que dá título ao quadrinho, é uma referência à personagem Cordélia de Shakespeare, da tragédia teatral “Rei Lear”. Talvez exista alguns paralelos entre essas mulheres, mas em geral acredito que faça mais sentido só para mim.
– Como foi o processo criativo do quadrinho? Quanto tempo durou da preparação do roteiro a concepção da obra?
– O processo aconteceu ao longo dos três últimos anos (roteiro, desenho, edição, diagramação). Algumas pessoas são bastante imediatistas com esses processos artísticos, principalmente em tempos de muita necessidade de validação nas redes sociais. Parece que só estamos criando ou trabalhando quando fazemos posts sobre isso. A questão é que mesmo um quadrinho pequeno (32 páginas) leva um tempo grande para ganhar vida. Foi um processo longo e trabalhoso, mas tive a sorte de ter meus amigos por perto me ajudando em vários processos.
– A HQ é a sua primeira narrativa longa – antes disso, sua primeira história em quadrinhos, “Que Seja Doce”, foi publicada na edição 18 da Revista Café Espacial, ainda em 2020. Como surgiu a ideia e quais experiência toma no processo artístico de Cordélia?
– Eu tenho algumas histórias em andamento e elas estão saindo em ordem nada cronológica.”Cordélia” foi a primeira de todas, logo depois escrevi “Arruda” (com a Gabriela Güllich, lançamento em 2021) e, em seguida, escrevi a história “Talvez seja doce” para a Café Espacial, que foi a primeira história em que fiz roteiro e arte. A questão é que sempre trabalhamos em muitos projetos ao mesmo tempo e, aos poucos, eles vão ganhando vida – nem sempre na ordem exata em que foram criados.
– Quais próximos projetos tem em mente?
– Agora, em 2021, eu e a Gabriela Güllich vamos lançar “Arruda”, um quadrinho autobiográfico sobre alguns dias que passei com minha avó materna. É um projeto que me orgulho muito, está ficando lindo. Além disso, estou publicando nas redes sociais uma série de quadrinhos bem curtos sobre alguns momentos da minha infância, ou lembranças que chegam em mim através de fotos antigas. É um projeto ainda sem nome, que na verdade está servindo de estudo para um projeto futuro.
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