Morte. A palavra por si só carrega um peso, uma áurea que a envolve em questões complexas, para dizer o mínimo. A percepção sobre ela – a palavra e a definição – é sempre particular e por vezes imprevista. Não à toa, o trato a ela é repleto de sinônimos e eufemismos.
A visão sobre o fim da vida percorre diversas variáveis: idade, personalidade e religião estão entre algumas delas. Tali Grass e Ana Mei, no quadrinho Cordélia, apresentam um novo olhar sobre a morte, acentuando novos significados em uma narrativa tocante.
Cordélia, cujo nome dá título ao quadrinho, está passando por um complicado processo de luto. De forma poética, é apresentado como tudo isso afeta a garota, desde detalhes de sua rotina aos sentimentos expressados de forma sensível pelos traços de Ana Mei.
A narrativa permeia começo e fim, e as transformações que ocorrem entre esses dois pontos. O roteiro de Tali Grass assimila as múltiplas possibilidades de leitura da história e as expande. Há beleza e sensibilidade. Há escuridão e dissabor. Há realidade e fantasia.
A percepção sobre o quadrinho se vale mais da particularidade de cada um em sua assimilação sobre a morte do que de buscas por entendimentos. Nesse sentido, a história caminha exatamente na direção oposta. Não são as respostas o fator mais importante no confronto a acontecimentos inevitáveis. E por vezes, inexplicáveis.
Independente de interpretação, a potência da narrativa é palpável. O tipo de história que permanecerá na mente muito tempo depois de virar a última página.
Tali Grass é preparadora e revisora de textos. Possui formação na área de Letras, Revisão Editorial, Roteiro, Edição de Quadrinhos e Ilustração.
Também é quadrinista e conselheira editorial da Café Espacial.
Ane Mei mora na cidade de São Paulo com seus 3 gatos. Possui formação em Artes Visuais, Design e Ilustração. Austista e entusiasta da neurociência, estuda métodos não verbais de contar histórias por si.
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