“Crisálida”: Yago Gunchorowski fala sobre influências e processo criativo de novo conto

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“Crisálida”, novo conto do escritor Yago Gunchorowski, apresenta uma história de horror sobre uma jovem que começa a ser assombrada por estranhas borboletas.
 

Na história, Aurélia sempre pareceu a filha perfeita aos olhos da família. Disposta a servir, realizando suas obrigações e frequentando a igreja todos os domingos. Nunca fica na rua com jovens que podem levá-la ao “mal caminho”. Entretanto, após seu aniversário de 16 anos, sua tão elogiada “perfeição” é quebrada. Ela sai de seu casulo quando borboletas começam a segui-la. Mas qual será o destino da jovem quando tais insetos grudarem em sua pele e mostrarem seu verdadeiro desejo?
 


 

Para conhecer mais sobre a história, conversamos com Yago que, além de dizer como surgiu a ideia do conto, falou ainda sobre as fortes influências de Junji Ito na criação. 
 

Como surgiu Crisálida?
 

A primeira versão dele, lá no Wattpad, surgiu para um concurso organizado pelos embaixadores de língua portuguesa. Nunca havia escrito nada nesse gênero antes, então fui como achava que dava. O limite de palavras era baixo, o que me forçou a priorizar o conceito acima de certos aspectos de personagens. Então tive a ideia de escrever com algo bastante comum no nosso país: uma família “tradicional”, sua hipocrisia e repressão da sexualidade na juventude. Ganhei o concurso, mas não tive coragem de pegar a história para melhorá-la até esse ano. Depois de escrever um conto de terror para a Sintonia Mortal da editora Corvus, me vi tentado a trabalhar de novo em Crisálida. Primeiro usei a base do original e apenas o expandi, aprofundando mais os personagens, especialmente a protagonista e seus dramas sociais. Depois, graças ao trabalho esplêndido da Becca Stupello na edição, chegamos a um maior aprofundamento no sobrenatural também. A ideia se manteve a mesma: a repressão de uma família tradicional hipócrita na vida de uma menina de dezesseis anos que passa a ser assombrada por borboletas. Mas agora tem mais psicanálise envolvida, mais sobrenatural, referências à mitologia e melhor representatividade. Mas ainda é sobre a repressão e seus efeitos. 
 

Você disse que o conto tem fortes influências de Junji Ito. Para quem não conhece o mangaká, o que podem esperar delas?
 

Em uma palavra: bizarrices. Junji Ito tem muito disso de pegar coisas comuns, como espirais, e trabalhar a obsessão e o horror em volta disso. No meu caso, por ser literatura, apelo mais para o terror, mas com a ideia de algo comum que vai se transformando em algo… bizarro. Quando você lê, por exemplo, Uzumaki, você realmente fica preso na ideia das espirais, até muda seu olhar sobre aquilo. É isso que pretendo trazer com Crisálida, essa ruptura da ficção ao real, fazer com que, ao ler, a pessoa fique de frente para certos elementos e olhe diferente, pelo menos por um tempo. É fazer a realidade ser consumida lentamente, até não sobrar mais nada do cotidiano convencional, sabe? Mas também fui fortemente influenciado por Edgar Allan Poe em “O Gato Preto” e pelo “Serpentário” do Felipe Castilho. 
 

Conte um pouco do seu processo criativo.
 

Eu geralmente me inspiro no cotidiano. As coisas da vida real são sempre meu ponto de partida. Gosto de pensar em conceitos, temas, para as histórias e ir juntando peças a partir disso para criá-las. Dificilmente escrevo algo sem ter ficado bons dias matutando a ideia e ajustando mentalmente — porque se eu escrevo as ideias soltas, eu não consigo mais produzi-las. Crisálida foi basicamente assim. Vi uma imagem de inspiração, contida no concurso, então pensei nela e adicionei o conceito que eu queria. Assim como todo resto, só precisei sentar e deixar sair com uma boa música de fundo. Eu não tenho muitos problemas de bloqueio, sabe? Posso ficar uns bons tempos sem escrever algo, apenas desenvolvendo mentalmente, mas quando sento para produzir, simplesmente sai. 
 


 

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