Criado por Francylene Silva - 14 de agosto de 2020 às 18:16
Pedro Ivo expande o universo do livro O Cidadão Incomum com o lançamento do quadrinho homônimo, publicado pela Universo Guará.
A história explora o que aconteceria se, no Brasil, pessoas de diversas classes sociais, etnias e orientações sexuais desenvolvessem superpoderes. Um assalto a ônibus interrompe o trânsito de São Paulo e une os destinos de três personagens completamente distintos entre si. Zika, um criminoso sem teto, Caliel, um inexperiente super-herói incapaz de controlar os próprios poderes, e Érico Loschiavo, um policial honesto e desiludido com o sistema, que luta contra um trauma pessoal e o vício em cocaína.
Batemos um papo com Pedro Ivo sobre o quadrinho, onde ele revelou inspirações para criação da história e comentou sobre o conceito transmídia de O Cidadão Incomum.
Confira:
O quadrinho expande o universo criado no livro O Cidadão Incomum. Como foi trabalhar a história em outra mídia?
Foi fácil e complicado ao mesmo tempo. Fácil porque esse universo foi criado para ser transmídia. Começa no livro, continua em quadrinhos, se desenrola em podcast, volta para livro e assim por diante…. E foi difícil porque no livro que dá início a tudo isso, O Cidadão Incomum, evitei descrever demais os personagens para que o leitor se apropriasse da história, imaginando sua própria versão do Caliel, o protagonista. Com o quadrinho isso não é bem possível, né? Porque aquilo que só existia na imaginação, precisa ganhar forma definida nos quadros. Mas fiquei aliviado com a forma como as pessoas que leram o livro receberam o quadrinho. Acho que todo mundo meio que imaginava o mesmo herói.
O que o leitor pode esperar do quadrinho? Já tem planejadas quantas edições serão ao todo?
Muitos dilemas, ação e viradas imprevisíveis. Tudo o que Caliel quer é descobrir por que tem poderes e qual é seu papel nesse mundo cada vez mais confuso e complexo. Esse arco que estamos lançando mensalmente tem 6 volumes. Ainda tem muita água pra passar e muita coisa pro leitor descobrir. Ah, e aqui vai uma informação importante: O universo do Cidadão Incomum não é SOBRE o Cidadão Incomum. Outros personagens, com outros problemas, classes sociais, etnias e orientações sexuais diferentes, também vão descobrir que ter superpoderes no mundo real pode ser um imã de problemas.
O quadrinho acentua o lado humano de cada personagem, sem esquecer todos os elementos presentes em histórias de super-heróis. Como foi feita a construção dos personagens?
Eu observo muito. Entendi que, para esse universo de heróis funcionar, eu precisava trazer personagens contraditórios como a gente, falíveis (de verdade) como a gente, ansiosos como a gente, com visões de mundo ora incríveis, ora bem limitadas, exatamente como a gente. Perceba: Vivemos uma época em que ninguém tem certeza de nada. Tá todo mundo intelectual e emocionalmente perdido. E acho justo (e muito mais interessante) que os leitores vissem isso nos nossos personagens. Tipo, ó, tá tudo bem. Nem os super heróis não sabem muito o que fazer. Risos.
A história trabalha ainda com o papel da mídia, da cultura do fake news,e sobre poderes e privilégios, questões atuais e de fácil paralelo com a nossa realidade. Quais são suas inspirações para a criação desse cenário e para a história em si?
As pessoas não se interessam mais pelos fatos. Isso me inspirou bastante para construção desse universo. Hoje, a gente discute e briga pelo formato da Terra, pela provável etnia de Jesus, pelo “novo normal”, por posicionamento ideológico… Quer dizer, a gente não debate para encontrar a verdade sobre um fato. A gente debate para ter razão, seja para conseguir likes ou nos sentir melhor com nós mesmos perante um grupo. E isso, embora seja um prato cheio para qualquer escritor atento, é esquizofrenia social pura. E é esse o sentimento que tento preservar dentro dos quadrinhos e livros.
Cidadão Incomum teve os direitos de adaptação para as telas adquiridos pela O2 Filmes, e tem planos para virar série de tv. Alguma novidade ou previsão de lançamentos da série?
Bem, acho que a pandemia deu uma atrasada nas coisas, né? Tem muita coisa legal acontecendo, mas não estou muito seguro sobre o que pode ou não ser dito. De qualquer maneira, o futuro próximo tende a ser brilhante. 🙂
Lançada mensalmente em capítulos, a versão digital pode ser adquirida no site do Universo Guará, na Amazon e também na plataforma Super Comics.
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