Num dia você é jovem e se preocupa apenas com o dever de casa e o horário em que o seu desenho favorito vai passar na TV. No outro, sua mãe não volta pra casa.
Se dona Mônica tivesse levado o celular ou ligado de algum telefone público, os filhos definitivamente teriam tido uma noite melhor. Agora, cansados e irritados — pela noite sem dormir, pela preocupação com a mãe, pelo medo do abandono —, Murilo e Melissa percorrem a cidade em busca da mãe desaparecida ao mesmo tempo em que lidam com uma verdade aterrorizante: um dia, as pessoas que amamos seguirão seus próprios caminhos.
Essa é a premissa de “Adivinha quem não voltou pra casa?“, conto de Pedro Poeira que surgiu exatamente da frase que dá título à narrativa. ” – Adivinha quem não voltou pra casa? – foi exatamente a frase que minha irmã me disse no dia em que a minha mãe não voltou pra casa. Tinha acabado de acordar e ia na padaria buscar o pão quando dei com ela acordada, a TV ligada. Quando perguntei o por quê de não ter ido dormir, ela retrucou com essa pergunta. Cabeça de escritor parece ser do tipo que nunca deixa coisa alguma passar — lá estava eu, me corroendo de preocupação, mas admirando o quanto aquela frase daria um bom título. Anotei no meu bloco de notas na hora. Depois, ainda com aquela pergunta na cabeça, quando tudo havia sido resolvido e a gente ria da situação, sentei para escrever. No fim das contas, vejo esse conto como uma carta de amor à minha família — em especial às minhas meninas. – contou Pedro Poeira em entrevista exclusiva ao Mais QI Nerds.
Além da situação que serviu para a criação do conto, Pedro revelou não saber precisar quais outras influências teve. “
Eu sabia que essa história seria uma mistura de mistério e drama, e queria explorar cada um dos personagens. Também queria que o fim não fosse trágico. Não consigo dizer quais foram minhas inspirações nessa história — autores ou obras –, mas sempre gostei muito de séries de investigação (“Cold Case” era minha favorita!) e amo um bom drama (Fique comigo, A menina que roubava livros etc.).
Quando perguntado sobre seu processo criativo, o autor revelou que a produção do conto foi atípica. “Normalmente, sou mais um arquiteto do que um jardineiro — eu planejo, extensivamente –, e costumo anotar o máximo que puder no bloco de notas do celular, em cadernos, gravo áudios, faço fichas de personagens, escaleta, quadro de cenas… Este conto não foi assim. Para “Adivinha quem não voltou pra casa?”, tinha minhas anotações no bloco de notas do celular (ideias de frases, informações muito básicas sobre os personagens como nome e idade) e só. Parecia que eu já conhecia aquela história antes de escrever, então não houve tanta preparação. O processo de revisão foi longo. Esse conto estava finalizado desde dezembro de 2019. Fui fazendo ajustes aqui e ali até o anúncio da pré-venda! [risos] Agora que o conto já está no mundo, o foco é no futuro”, disse.
“Adivinha quem não voltou pra casa?” está disponível em formato digital:
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