Uma aposta: beijar a primeira pessoa que encontrasse ao descer as escadas do bar onde estavam. De coração partido, foi isso que Josephine disse à amiga. Não sabia ela, que Frank, ou Fran, ou Franco, com roupas sujas de tinta, cabelo bagunçado e amigo de todo mundo no lugar, literalmente desabasse aos seus pés.
No “Em uma noite como essa”, a escritora Anna Martino apresenta um romance contemporâneo, bem diferente de seus últimos trabalhos. Publicado sob o selo da Agência Magh, o livro estreia a série Cravos e Rosas. A capa do romance, à mão, misturando técnicas de borra de café e desenho old school, é de Stephanie Marino.
Confira entrevista com a autora:
Como definiria “Em uma noite como essa”?
É um romance contemporâneo para quem gosta de histórias de amor, mas não gosta do clichê do protagonista rico e arrogante que costuma aparecer aqui e ali. Tem humor, aventura, carros antigos, roupas chamativas, famílias complicadas — e muitos beijos, porque afinal estamos aqui para isso também.
Como surgiu a ideia do livro?
Em 2017, eu estava em uma entressafra de escrita, após ter publicado “Um Berço de Heras”. Para destravar, resolvi tentar um exercício de escrita que aprendi em uma oficina de texto alguns anos antes: o que aconteceria se uma mulher apostasse que iria sair com a primeira pessoa que encontrasse em um bar? Decidi que iria escrever a história em um mês (no estilo NaNoWriMo) sem planejar nada, só para ver o que acontecia. Eu só tinha a cena de abertura e uma música-tema (“A Night Like This”, da Caro Emerald, que acabou batizando o livro). Foi uma experiência muito engraçada, porque eu sou do tipo de autora que planeja até dizer chega, e de repente estava no famoso “mato sem cachorro”, colocando os personagens em encrencas sem saber como iria tirá-los da confusão. Franco e Josephine me surpreenderam em muitas maneiras — e espero que eles também cativem o público.
Após a série As Estações e a noveleta Senhor Tempo Bom, seus últimos trabalhos, temos agora um romance contemporâneo. Como é escrever uma história sem elementos fantásticos?
É bem mais difícil — porque a vida real demanda explicações lógicas para os acontecimentos. Por outro lado, foi bem divertido pensar em um universo em que posso usar carros e celulares (ao contrário das histórias d’As Estações, por exemplo). Além disso, o romance tem uma série de convenções que eu nunca tinha enfrentado em um texto. Eu sou leitora do gênero, mas nunca tinha pensado em como é complicado escrever uma cena de primeiro beijo, por exemplo…! Mas a vida é muito curta para escrever só em um gênero, e eu queria saber como os personagens iriam se sair. E o resto é, literalmente, história…!
Como é seu processo de escrita?
Em geral, eu sou movida por uma ideia de personagem — a pessoa me aparece na mente, e depois eu tento ver qual a história que ela deseja me contar. Sou a pessoa que faz pasta de Pinterest para figurino, questionário de Proust, até mapa astral falso já montei para desenvolver o personagem. Vale de tudo para trazer essa criatura imaginária o mais próximo possível dos leitores.
O ato de escrita em si é um pequeno ritual (gosto da palavra, porque ela me ajuda a me concentrar no que estou fazendo — tenho filho pequeno e trabalho de casa, então tempo para escrever precisa ser sagrado mesmo!) Escrevo a primeira versão à mão (eu sou do time que não pode passar na frente da papelaria sem levar pelo menos um caderno comigo), depois passo para o computador já editando a história. Sou do tipo “paisagista” — um misto de autor arquiteto (que planeja tudo o que vai fazer, cena por cena) e jardineiro (que “planta” a ideia na página e branco e vai vendo no que dá, sem pensar muito). Eu gosto de ter uma base inicial e uma pesquisa de cenário básica, depois o pessoal na trama que lute para alcançar seus objetivos.
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Agência Magh