“Canil”, quadrinho que encerra a trilogia de terror de Marcel Bartholo e Rodrigo Ramos – iniciada em “Carniça” e logo em seguida ‘Lama”- , explora o mito da licantropia em história passada dentro de presídio.
Na história, Pedro vai parar em um dos piores presídios da região após cometer um cruel crime. Filho de um importante político, o tratamento que ele recebe é diferenciado. Ao diretor do presídio, ele é um troféu e uma possibilidade, aos companheiros de cárcere, uma pária, um criminoso da pior espécie.
O roteiro de Rodrigo Ramos conduz o leitor, em meio a um sistema prisional corrompido, onde pessoas são apenas números e a vida por trás das grades é tecida pela ganância. Em meio a isso, ele destrincha o mito da licantropia em sua versão mais sinistra e brasileira, “o homem virado do avesso”. Um homem lobo que perdeu toda a humanidade, sendo tomado pelo bestial, oferecendo assim um terror folclórico repleto de paralelos.
A arte de Marcel atribui agonia, revelando cenas preenchidas de sangue e vísceras. Os traços se valem de cores terrosas, destacando o vermelho, e se assemelham aos métodos utilizados em seu outro trabalho, Santo Sangue, que apesar de digital, confere características que lembram técnicas tradicionais.
Em uma narrativa objetiva quanto ao seu andamento e tecida por críticas sociais, os limites entre homem e animal se faz tênue e é em seu extremo que a história atinge seu ápice. Aos leitores, fica o impacto de presenciar o aprisionamento do homem e do lobo. Preso a uma cela. Preso a uma maldição. Preso em um canil.
#Quadrinhos
Canil; Carniça Quadrinhos; resenha
