Uma viagem de avião solitária. Um dia péssimo. Um visita inesperada de um ser fantástico. E um universo se abre.
A escritora May Mortari, no conto A Guardiã de Ideias, apresenta Gaia, uma garota comum que, durante uma viagem de avião, recebe a visita de Céu, uma criatura com aparência de fada que mostra a Gaia um universo escondido.
“A Guardiã de Ideias surgiu de uma necessidade de conexão com o imaginário. Sabe quando a gente não está nos melhores dias e é como se não tivesse nada nem ninguém lá pela gente? A Guardiã de Ideias busca mostrar que, muitas vezes, as companhias que a gente mais precisa estão em um mundo particular, que a gente tem que estar sozinho pra visitar.” revelou May em entrevista ao Mais QI Nerds.
As primeiras linhas do conto surgiram quando a autora estava em uma viagem de avião, sozinha, após eventos terem a deixado emocionalmente abalada. “Naquele dia, eu sentia que o meu mundo todo era muito solitário e limitado e passei todo o voo de volta para São Paulo olhando pela janela. Lá pelo meio da viagem, comecei a notar como tudo parecia diferente visto lá de cima e quantas coisas poderiam se esconder dos nossos olhos naquele ângulo. Os gramados lá na terra não parecem uma colcha de retalhos? Que tipo de criatura poderia se esconder nos lagos ou entre plantações? Essa foi a primeira faísca pro universo fantástico que Gaia descobre no conto.”, disse May.
Além de animes e mangás, May aponta os filmes do Estúdio Ghibli, como A Viagem de Chihiro, e Peter Pan como as principais fontes de inspiração dos seus trabalhos.”Adoro universos fantásticos ligados ao nosso por portas invisíveis.”
Para o conto, ela optou por ter exclusivamente personagens femininos. “Passei toda a vida consumindo livros de fantasia e vários em que não havia nenhuma personagem mulher importante ou memorável. Isso me deixava incrivelmente chateada como leitora. No conto, os homens estão por ali, mas não seriam memoráveis o suficiente, então não são nem mencionados. Existe uma cena sobre harpias no conto que fala um pouco sobre isso.”, contou a escritora.
Sobre o processo criativo do conto, ao invés do costumeiro perfil de personagem, a escritora optou por deixar Gaia ter “contato com aquele universo de uma forma natural, não de acordo com um perfil criado por mim.”. A escrita ainda teve outra curiosidade: “A Guardiã de Ideias teve seu próprio processo. Ele foi escrito com uma música só como trilha-sonora, que é Mr. Tambourine Man, do Bob Dylan. Normalmente, eu escrevo ouvindo uma playlist relacionada à história, mas durante a escrita de A Guardiã de Ideias, eu ouvia só essa música. Foi muito importante pra dar o tom da narrativa. Devo ter ouvido umas 500 vezes enquanto escrevia!”.
May divide a escrita com o trabalho diário e o canal
Chá de Prosa, onde publica vídeos semanais sobre literatura e cultura pop, com foco em fantasia e terror, e o podcast
BookListas, onde, juntamente a Lucas Sgrignero, recomendam listas de livros para situações bem específicas, como para ler no metrô com velocidade reduzida, por exemplo. Além disso, ela no momento se dedica ao seu primeiro romance de fantasia. “Espero poder apresentá-lo às pessoas logo!”
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Entrevista; May Mortari