“Quem é Helen Books?”: O questionamento que dá nome ao conto-duplo de Delson Neto é o propulsor de toda a narrativa que se passa em um futuro distópico.
A booktuber Helen Books começa uma verdadeira revolução ao queimar livros como forma de enaltecer a era digital. A fagulha que acende é o estopim de uma revolta contra as amarras do mercado editorial e onde livrarias e bibliotecas são queimadas.
Ambos os contos alternam presente e passado. No presente, conseguimos entender sobre a revolução e como está o cenário do Brasil no momento, cuja agitação vai além das mudanças radicais no mercado de livros.
Já no passado, acompanhamos os primeiros passos de Helen e ainda as motivações de Helena Silva, quem está por trás da persona, que se mostram um tanto dúbias.
Toda a narrativa se passa bem próximo à protagonista dando um recorte parcial de um cenário bem maior. Cheio de conflitos sociais e políticos, e cuja complexidade poderia ainda servir de pano de fundo para outras histórias.
Helen/Helena é uma protagonista intrigante, que aos poucos vai sendo desvendada. Sendo um ícone de uma revolução, ela passa a lidar com todas as transformações que seu papel e sua influência trouxeram, inclusive a de ter de resistir à oposição e enfrentar sua exposição pública. Com atitudes e personalidade enigmáticas, questionamentos sobre perspectiva e motivações na história transbordam à mente do leitor.
Com um desenvolvimento eletrizante, Delson apresenta uma narrativa crível que utiliza de referências à nossa própria realidade para sugerir a possibilidade de um futuro semelhante: caótico e opressor.
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Delson Neto; resenha
