Entrevista: Waldson Souza apresenta a obra de ficção científica OCEANÏC

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Equilibrando ficção e teoria, o professor, pesquisador e escritor Waldson Souza, tem a literatura em sua vida de diferentes formas. Além do mestrado cujos estudos sobre conceitos e produção nacional de afrofuturismo resultou na dissertação “Afrofuturismo: o futuro ancestral na literatura brasileira contemporânea”, ele ainda lança pela Editora Dame Blanche a ficção científica OCEANÏC.

 

Na obra, a humanidade agora vive em metrópoles nas costas de criaturas gigantes. Em uma dessas terras, o Exército começa a perseguir um casal que poderá mudar a maneira como as pessoas entendem seu mundo. Rafael e Jonas fogem por razões que envolvem o passado de um deles — e um projeto misterioso do governo…
 


 

Para sabermos mais sobre OCEANÏC, o Mais QI Nerds bateu um papo com Waldson, que antes já nos antecipou seu próximo lançamento, uma história sobre androides e seres imortais que se alimentam de sentimentos humanos que sairá pela Plutão em abril deste ano.

 

Confira a entrevista:

 

Como você descreveria OCEANÏC?

 

           Oceanïc é uma história de ficção científica que se passa em um mundo onde as cidades são construídas nas costas de criaturas gigantes em constante movimento. Há diferentes cidades, mas Oceanïc, a que dá título ao livro, é uma das maiores e das mais tecnológicas — além de ter uma rota que a faz afundar no oceano de tempos em tempos. Mas para além da composição dos ambientes, as personagens também são muito importantes. É através delas que conhecemos as cidades, os espaços e percebemos a relação que estabelecem com outras pessoas, com o trabalho e com a noção de pertencimento. É uma história não cronológica na qual os acontecimentos avançam e são narrados de pontos de vistas diferentes.

 
 

Quais foram suas inspirações para criação da história?
 

            Uma das minhas maiores inspirações foi Shadow of the Colossus, um dos meus jogos preferidos. Nesse jogo, o protagonista precisa destruir 16 criaturas gigantes para conseguir ressuscitar uma mulher sobre a qual temos pouca informação. O protagonista se torna pequeno subindo nessas criaturas e procurando os respectivos pontos fracos para derrotá-las. A composição delas, contendo alguns partes e detalhes feitos de pedra, me fez imaginá-las ainda maiores a ponto de carregar cidades inteiras. Quando juntei essa ideia com outra que eu já estava escrevendo, acabei decidindo que algumas das cidades de Oceanïc seriam futuristas e que todas seriam construídas em criaturas.

 

O livro é único ou terá continuação?
 

            Considero a possibilidade de lançar uma continuação, mas por enquanto estou trabalhando em outros projetos. O universo de Oceanïc acabou crescendo na minha mente, então tenho algumas ideias para histórias com outras personagens e em outras cidades. Meu conto “Uma esfera para cada feitiço”, que sairá na revista Mafagafo este ano, se passa em Oceanïc e é focado na utilização de um jogo em realidade virtual, tecnologia que existe na cidade, mas acabou não sendo abordada no livro por falta de tempo. Então, é um universo que tenho explorado de outras formas, mesmo que, por enquanto, não esteja escrevendo uma continuação direta.

 

O que você acha do cenário de ficção científica atualmente?
Observa alguma mudança em comparação aos anos anteriores?

 

            De um modo geral, é possível observar uma pequena mudança em relação ao perfil homogêneo de autores e personagens, mas ainda precisamos avançar muito. Acho importante dar cada vez mais visibilidade para histórias de ficção científica, fantasia e horror sobrenatural escrita por autoras e autores diversos. N. K. Jemisin sendo premiada pelo Hugo na principal categoria por três anos seguidos, por exemplo, pode ser encarado como um sinal dessa mudança. Mas não podemos parar em casos isolados ou exceções. Por isso é necessário que editoras e revistas literárias façam o esforço de propor chamadas específicas para publicações de autoras e autores que pertencem a grupos minorizados.

 

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