A Sabedoria dos Mortos, primeiro volume de Os Arquivos Perdidos de Sherlock Holmes, criado pelo espanhol Rodolfo Martínez, traz o maior e mais famoso detetive do mundo e seu fiel companheiro em uma aventura sobrenatural cuja exploração de grandes figuras da literatura mundial é um dos grandes destaques.
Acompanhamos a história sob a ótica de Watson, uma perspectiva um tanto idólatra de quem já acompanhou diversas aventuras de Holmes, e cujos anos de experiência ao lado do famoso detetive fizeram acreditar que nada seria páreo para ele.
O caso, cujo o próprio Holmes deixa claro ser um dos mais enigmáticos, como há muito não via, inclui diversas peças intrigantes: uma sociedade secreta, uma mensagem velada, um manuscrito obscuro. E, principalmente, e representando o grande obstáculo de Holmes, introduz um aspecto místico desafiando uma das mentes mais racionais da Inglaterra.
Com tantas histórias sobre Holmes elaboradas por diversos escritores, Martínez pega este ponto, utilizando do horror cósmico de H. P. Lovecraft como diferencial. A forma como Holmes passa a lidar com questões que parecem fugir a toda a lógica é fundamental ainda para o desenvolvimento do personagem. Sempre tido como frio, o livro mostra, respeitando a essência do personagem e através de sutilezas, as modificações que o passar do tempo ocasionou ao detetive.
A escrita de Martínez, que na publicação da AVEC Editora ganhou tradução de Emanuele Coimbra e Enéias Tavares, consegue dois grandes feitos: dar personalidade à narração de Watson, cujos devaneios e observações – que apesar de um tanto excessiva em referências, o que diminui o ritmo narrativo – podem servir para abrir um leque através delas para o leitor encontrar outras histórias. A narração intimista nos dá ainda a possibilidade de entrarmos na cabeça do doutor, e pelo tempo que se passa a narrativa, é possível ter a maior compreensão de como cada caso e experiência do passado ao lado de Sherlock moldou Watson.
E ainda, trazer todos os elementos e características presentes nas obras de Arthur Conan Doyle – o uso da dedução lógica e de métodos científicos, e as excentricidades de Holmes, por exemplo -, instigando o interesse do leitor tanto pelas referências tratadas no livro, como ainda para a continuação do mesmo.
A Sabedoria dos Mortos consegue unir horror e aventura, investigações e sobrenatural, em um livro repleto de elementos conhecidos, mas que também consegue imprimir originalidade na sua narrativa, optando por caminhos dificéis contudo interessantes.
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#Livro
A Sabedoria dos Mortos
