Os Olhos de Barthô, quadrinho de Orlandeli, apresenta um história centrada em um personagem que se destaca pela forma como ele enxerga o mundo. Ultrapassando o visível, ele utiliza de sua interpretação leve sobre as coisas em suas atitudes perante a tudo que acontece em sua vida.
Em um mundo muitas vezes cruel, a incompreensão de atitudes como essas, onde bondade muitas vezes é tida por tolice, ou altruísmo como falta de ambição, Barthô reencontra um antigo amigo, que tenta a todo custo lhe mostrar que nem tudo é bonito como ele acredita ser.
É a partir de então que o roteiro de Orlandeli nos conduz a fatos inesperados que promovem a reflexão sobre a subjetividade do certo e do senso de bondade. Onde verdades são conflitantes e atitudes questionáveis, apesar de suas intenções, ou daquilo que se vale como base para elas.
Quantas ações extremas tomam folêgo em discursos de paz? Quantos preconceitos se valem em deturpar o sentido de bom e ruim? Como a sua visão de mundo afeta as suas atitudes? Os questionamentos que pairarão sob a mente do leitor ultrapassam roteiro, e novamente Orlandeli faz com que as reflexões intrínsecas e também sociais se tornem inevitáveis mesmo após a última página.
Os traços característicos de Orlandeli encontram diversos recursos com os quais confere dinamismo no enredo, seja numa letra de música ou em trocas de mensagens. A arte passeia nas páginas ao seu bel prazer, revezando sequências faladas e quadros intensos e mudos, trocas constantes de perspectivas e repetições, e assim o leitor é conduzido a poética, profunda e reflexiva história.
#Quadrinhos
Os Olhos de Barthô e o conflito das verdades; resenha
