Criado por Francylene Silva - 16 de outubro de 2019 às 18:53
“Se o semáforo ficar vermelho, eu mando o currículo para aquele emprego dos sonhos”. “Se a moeda der cara, eu vou atrás do meu objetivo”. “Bem me quer, mal me quer, BEM ME QUER…”. Quando alguém se encontra perdido ou confuso, um sinal, por mais singelo que seja, pode servir como motivação para alguma decisão ou para simplesmente a saída da inércia e passo inicial de uma pessoa.
Sempre insatisfeito, Afrânio se vê sem perspectiva de vida e colecionando fracassos. Todo o infortúnio que parece moldado pelo infeliz destino do homem tornou sua vida sem luz. Ele precisava de um sinal, apenas UM SINAL de que sua vida fosse melhorar. Mas ele entenderia?
Com roteiro e arte de Orlandeli (“Daruma”, “O Mundo de Yang”), O Sinal, publicado pelo selo Jupati Books, mostra um homem de meia idade que acredita que o sucesso alheio, que presume se tratar apenas de sorte, ou como descreve, “uma luz que destaca a pessoa ao papel central” sendo a vida uma espécie de palco. Para ele, a responsabilidade de sua deplorável existência se dá ao passo que a vida esqueceu de lhe sorrir. Ele passa então a buscar obsessivamente em eventos aleatórios sinais de que sua sorte mudaria. E assim começam os sonhos, misteriosos e confusos…
Narrado em primeira pessoa, o enredo aprofunda mais e mais o leitor a mente pessimista e complexa de Afrânio. Ao início, relatando os eventos passados, que o levaram a seu estado presente até a decisão de suas drásticas ações atuais. É como se a cada página, com seu peso, aumentasse a tensão, ao que o protagonista se afunda em amargura, auto destruição e equívocos em um curto período de tempo.
O traço inconfundível de Orlandeli apresenta um protagonista que personifica miserabilidade, sem necessidade de falas – em seus modos e expressão corporal. Mas são seus olhos, sempre vazios, sempre vagos, o grande destaque e indicativo que mais que uma “luz” externa é necessária.
Destaque para a capa do quadrinho que se assemelha a diversos outros quadros presentes na história. Neles, geralmente ao final do dia, deitado em sua cama, Afrânio repousa, cada vez mais insatisfeito, triste e ressentido.
O Sinal é sobre monstros que alimentamos e que acabam por nos devorar. É sobre a inexatidão da vida e os males da estagnação.
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