Denso e surpreendente: Conto “Dodge”, de Clara Madrigano

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“Lita fez algo terrível. Mas ela mesma quer contar a história, sobre o que aconteceu entre ela, sua mãe e, especialmente, Dodge.”
 

Clara Madrigano conduz uma narrativa com densidade, que se vale da apatia da pensonagem principal para prender a atenção e atiçar a curiosidade.
 

Desde a capa do conto até a leitura da sinopse já é possível entender duas coisas: Lita fez algo horrível e o cachorro Dodge, que se destaca na já mencionada capa e serve como título da narrativa, tem um papel essencial nisso.
 

É sob a perspectiva de Lita e nas suas palavras que desvendamos o ocorrido, sendo ele destrinchado aos poucos em uma conversa que apesar de marcante e obscura, é lidada como banal pela protagonista.
 

A expectativa da descoberta ocorre mais em revelar como aconteceu do que o que aconteceu, já que interferências da fala de Lita por uma mulher, cujo papel só fica totalmente claro ao final, apresentam pistas de como a história acaba.
 

Isso não quer dizer que elas entreguem o final. De forma surpreendente, a narrativa de Clara, dinâmica, daquelas que parecem precisar ser lidas em uma tacada só e cuja respiração descompassa, encerra o curto texto de forma surpreendente. Dodge é sobre um cachorro, sim, e sobre como ele é catalizador do que aconteceu e símbolo de uma frágil e doentia relação.
 


 

Clara Madrigano  é escritora e jornalista, e sua paixão por publicar é o resultado óbvio de anos de uma relação masoquista com leitura e escrita. Suas histórias já apareceram na Revista Trasgo, na Superinteressante e no segundo volume da coletânea de sci-fi feminista Universo Desconstruído.
 


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