Criado por Francylene Silva - 22 de agosto de 2019 às 17:38
Feéricos é um dos games mais populares do momento, Raíssa e Ayla se conhecem jogando online e uma forte conexão surge entre elas. Só que tem um “pequeno” detalhe: Raíssa joga com um avatar masculino, então Ayla não sabe que está na verdade se envolvendo com outra menina.
A primeira feira de Feéricos em São Paulo é anunciada, seria este o evento perfeito para esse encontro acontecer e a revelação ser feita?
Conectadas, comédia romântica de Clara Alves, fala sobre descoberta e mentiras encobertas pelo mundo virtual. Para conhecer mais sobre o livro, conversamos com a autora, que nos revelou suas inspirações e contou detalhes do seu processo criativo.
Confira:
Como definiria Conectadas? Como surgiu a ideia do livro?
Acho que eu definiria Conectadas como um sopro de esperança – leve, mas necessário. É um romance clichê para pessoas que poucas vezes se viram representadas pelo clichê.
A ideia inicial surgiu por causa dos fakes do Orkut – pra quem não sabe, o Orkut foi a principal rede social antes do Facebook, e houve uma época em que existia uma grande comunidade dentro dele de perfis fakes: as pessoas criavam personagens, para viver uma vida que não era delas. E era muito comum que garotas criassem personagens masculinos e mentissem que a pessoa verdadeira por trás daquele perfil era também um homem.
No livro, Raíssa joga com um avatar masculino, então Ayla não sabe que está conversando com outra menina, e acaba se envolvendo. Quase um caso de catfish (gíria para pessoas que enganam outras na internet). Tendo como plano de fundo o meio virtual, quais considera os maiores problemas e deleites de um relacionamento virtual?
Eu acho que a internet ampliou muito nossa rede de amizades, e isso permite que conheçamos pessoas que provavelmente nunca conheceríamos, de culturas diferentes, vivências diferentes e, muitas vezes, que têm tudo a ver com a gente. Mas é inegável que a internet também pode ser perigosa, a gente não sabe exatamente com quem está falando, se o que ele/ela diz é real ou não é. São questões que podem acontecer dentro ou fora da internet, mas que com certeza a internet piorou.
Isso não significa que você não possa conhecer pessoas maravilhosas na internet — pelo contrário, boa parte dos meus amigos hoje são pessoas que conheci virtualmente. Mas sinto saudade de poder estar com eles presencialmente, do toque, dos abraços, de chamar pra sair e ver um filme comendo besteira. Não é fácil, mas a gente aprende a lidar, como tudo na vida. E eu sou muito grata por ter conhecido todos eles.
Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina quando está escrevendo um livro?
Infelizmente, sou a pessoa mais desorganizada do mundo com relação a rotina. Eu já tentei fazer isso, definir uma meta diária, e nunca dava certo. Eu acho que Conectadas foi o primeiro livro que eu consegui escrever com uma frequência boa, seguindo um planejamento. Tanto que foi escrito em 2 meses e meio, hahaha.
Mesmo assim, é claro, eu tenho meus rituais: normalmente, eu penso no começo da história primeiro (a cena inicial, ou como os protagonistas vão se conhecer, ou a história de um dos protagonistas), e aí eu vou criando o enredo na minha cabeça, até ele parecer coerente. Depois disso, eu sento e escrevo uma sinopse rápida. A partir dela, faço um resumão, que me diga o plot principal e como a história vai acabar. Tento fazer ficha de personagens, contendo pelo menos as informações principais dos protagonistas e dos personagens que mais aparecem. E, por fim, faço uma escaleta — ou seja, um pequeno resumo — dos capítulos iniciais. Conforme vou escrevendo, a história vai se desenrolando na minha cabeça, e eu vou fazendo a escaleta dos capítulos seguintes.
Como iniciou na carreira de escritora?
Eu comecei a escrever quando era criança. Eu tinha 8 anos, e fiz um livro de contos. Até revisão ele teve! Minha professora de português leu e fez uns apontamentos, e acho que foi ali que eu soube que queria ser escritora. Mais tarde, comecei a postar minhas histórias na internet. Foi quando o universo da publicação virtual se abriu pra mim, e eu passei a enveredar no mercado editorial. Mas foi só em 2015, quando comecei a postar no Wattpad, que a coisa ficou mais séria, e eu decidi trilhar o caminho da publicação independente, até conseguir chegar a uma editora tradicional.
Quais considera as suas influências no mundo literário?
JK Rowling, sem dúvida, foi a autora que me fez começar a escrever. Eu conheci Harry Potter mais ou menos na idade que escrevi meu livro de contos. Eu já gostava de ler antes, mas acho que a série foi o marco da minha mudança de leitora de livros infantis para leitora de livros mais densos. Depois disso, conheci a Meg Cabot, que foi minha grande influência na adolescência, e a Thalita Rebouças, que foi a primeira autora nacional que escrevia para o público jovem que eu conheci. Essas três mulheres foram os pilares da minha carreira como escritora.
Existe uma diferença entre a Clara-escritora antes de Conectadas e depois de Conectadas? E qual?
É claro que sim, existe. Eu sinto que, antes de Conectadas, eu ainda estava tentando me encontrar no meu estilo de escrever, no gênero que eu gosto de escrever — ou seja, tentando descobrir quem a Clara-escritora é de verdade. Desde que eu comecei Romance real (o livro anterior a Conectadas), eu já sentia muito que YA era meu forte, que era o que eu gostava de verdade. Mas foi preciso muita coragem pra escrever Conectadas, porque mexeu com muitos sentimentos meus, bagunçou um pouco as coisas aqui dentro… mas, no final, quando eu coloquei o último ponto final, eu sentia que tudo tinha se reorganizado, sabe? Eu sentia que aquele era um marco importante na minha vida. E, justamente por causa disso, eu consegui repensar várias histórias que estavam engavetadas e que eu não fazia muita ideia de como seguir, de qual era o objetivo daquele livro.
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