Gleyzer Wendrew, autor das Crônicas de Aurora, traz em seu novo livro “Um Banquete para Deuses Mortos” (Constelação), Drácula, o último vampiro, desprovido de seus poderes graças a uma doença misteriosa que exterminou sua raça. Fadado à eternidade, o príncipe das trevas vaga pelo mundo dos homens em busca de um propósito, enquanto relembra sua vida e a história de sua queda.
O livro, assim como as primeiras obras do autor, é do genêro grimdark fantasy, ainda pouco conhecido. Para saber mais sobre a obra e ter ideia do que esperar do gênero, conversamos com o autor.
“Ao ler este gênero, não espere por finais felizes, nem princesas indefesas que aguardam que o cavaleiro branco venha salvá-las do dragão das trevas. Na grimdark, a princesa já morreu, de forma brutal, e o cavaleiro é negro, e não branco.”, disse Gleyzer.
Confira a entrevista:
– Como definiria Um Banquete para Deuses Mortos?
Eu definiria como um livro melancólico; acredito que este seja o melhor adjetivo que possa definir este livro. É um livro sobre vampiros, mas não os vampiros que todos conhecem, que são seres da noite e cuja existência é desconhecida pela humanidade. Este não é o caso aqui. No Banquete, os vampiros são considerados deuses pela humanidade, que os venera como divindades de fato. Mas o ponto mais importante sobre ele, eu diria, é a roupagem “humana” que eu dou aos vampiros, e o quão melancólicos a imortalidade os tornou.
– Como foi escolher a famosa figura de Drácula como protagonista? Como surgiu a ideia da história?
Bem, para essa roupagem divina que eu atribui aos vampiros nesta obra, acredito que não há outro ser tão significativo quanto o Drácula, então tinha que ser ele (risos).
A ideia para o Banquete surgiu em 2016, quando escrevi um conto para uma antologia sobre vampiros. O conto, infelizmente, não foi selecionado, mas eu percebi que tinha uma história interessante que eu poderia desenvolver ali. E foi assim que, 2 anos depois, surgiu o Banquete.
Qual foi sua inspiração para escrever a história?
Eu sempre admirei os vampiros, mas nunca gostei da forma como eles eram tratados em muitas obras e filmes.
Geralmente, eles são seres que vivem à parte da sociedade, e a humanidade não sabe que eles existem. Eu quis mudar um pouco isso. Eu pensei: “Se os homens soubessem que eles existem, o que fariam?” E a resposta mais sensata que imaginei foi: “Eles dobrariam o joelho.” E daí surgiu a ideia de um universo onde os vampiros governam e os homens são seus escravos.
– O livro é volume único ou terá continuação?
Ele é único. Não se trata de uma saga, nem nada disso. Se um dia eu quiser me aventurar nesse universo vampírico outra vez, tem margem pra isso, mas não garanto nada a ninguém (risos).
– Assim como suas primeiras obras, está é do gênero Grimdark Fantasy. Para aqueles que não conhecem o estilo, fale mais sobre o que pode ser encontrado em livros do gênero, focando nos elementos presente em seu livro.
Grimdark fantasy é um gênero relativamente novo. Normalmente é confundido com dark fantasy, mas são coisas diferentes. Na Grimdark, os personagens, normalmente, são cinzas, muitas vezes não são heróis ou mocinhos; pelo contrário, são anti-heróis ou até mesmo vilões; acima de tudo, são humanos: falhos, maus, egoístas, arrogantes…
Outro ponto fundamental presente nos livros de grimdark fantasy é o aspecto sombrio, não só da história em si, mas do próprio universo. Normalmente, obras de grimdark abordam temas mais pesados, como assassinato, estupro, tortura, mutilação… Livros deste gênero não tendem a ser legais, mas sim violentos, pesados, cruéis, até repulsivos às vezes.
Ao ler este gênero, não espere por finais felizes, nem princesas indefesas que aguardam que o cavaleiro branco venha salvá-las do dragão das trevas. Na grimdark, a princesa já morreu, de forma brutal, e o cavaleiro é negro, e não branco
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Gleyzer Wendrew
